Afastada das novelas desde Verão 90 (2019), Isabelle Drummond faz seu retorno à TV na próxima novela das 7 da Globo, Coração Acelerado, que substituirá Dona de Mim em janeiro do ano que vem. Em entrevista a VEJA, a atriz falou do preparo para dar vida à vilã Naiane, que passará a trama atormentando o casal de mocinhos Agrado Garcia (Isadora Cruz) e João Raul (Filipe Bragança), além de comentar sobre seus outros projetos como artista.
Confira a entrevista na íntegra:
Como tem sido a preparação para interpretar a vilã Naiane de Coração Acelerado? Olha, está sendo muito divertido e também novo. É um universo que por mais que a gente tenha explorado muito a música em Cheias de Charme (2012), era uma história situada no Sudeste, no Rio de Janeiro. Então, a gente tocou ali no sertanejo, no tecnobrega vindo de Belém, teve um pouco de tudo, de pop também. Mas agora o foco é o sertanejo. Estou realmente mergulhando de um jeito diferente do que eu fiz em Cheias de Charme. A Naiane é uma personagem muito interessante, uma vilã gostosa de fazer. Estou feliz também com o reencontro com a Izabel de Oliveira, que é a mesma autora do Cheias de Charme, com Carlinhos Araújo, que também foi o diretor geral daquela novela. Estou muito confiante assim no resultado de tudo que estamos fazendo.
O que a atraiu a esse papel? Essa novela me parece diferente do que já fiz e vi na TV, com um formato redondo. Me atraiu a fábula, a união da equipe com o Carlinhos Araújo, e, principalmente, a personagem Naiane em si. A novela combinou o projeto com a vontade de desenvolver a personagem naquele momento. Ela me interessou por carregar a vilania – o que nunca fiz, a Megan de Geração Brasil (2014) era antagonista/mimada, mas não vilã. A vilania é uma estrutura dramatúrgica interessante que só existe nas telenovelas.
Tem alguma dupla ou artista sertanejo que você goste muito? Na época de Cheias de Charme, eu gostava de João Neto e Frederico. Hoje, ouço o Thierry, que canta Arrocha e compôs muito com Marília Mendonça, e tenho uma playlist com vários artistas, como Ana Castela, Simone, e Maiara e Maraísa. Também adoro escutar o sertanejo raiz, com Leonardo, Daniel, Chitão e Xororó. Estou imersa no universo.
Coração Acelerado marca seu retorno às novelas depois de quase sete anos, desde Verão 90 (2019). O que a fez dar essa pausa? Foi um processo natural pós-pandemia e um momento de reflexão. Eu estava focada em projetos sociais, tinha aberto a minha ONG Casa 197 e comecei a produzir. A produção exigiu tempo e estudo para desenvolver projetos autorais, como dirigir um filme de três curtas que será um longa chamado Ela é Carioca, inspirado em Rui Castro). Eu vinha emendando novelas desde os 14 anos e precisei me dar esse tempo para explorar outras linguagens como o cinema e o teatro, com a peça Tina. É uma questão de “estações” na vida.
Existe alguma fonte de inspiração para esse seu interesse pela direção, por trabalhar mais nos bastidores de uma coisa em vez de da frente das câmeras? Tenho inspiração em grandes diretores autorais no Brasil, como o amigo Bruno Safadi, com quem estou desenvolvendo um longa de produção minha, e atrizes que produzem e dirigem, como Leandra Leal. É um movimento que está crescendo no Brasil. Se queremos contar nossas próprias histórias e deixar uma mensagem para o mundo, é natural que a produção aconteça.
Quais histórias realmente você tem vontade de contar? Aos poucos vou mostrando o que encontro. Comecei focada em histórias femininas para dar voz como diretora e produtora mulher. Mas também me interesso por histórias brasileiras, como os meus curtas que falam sobre o Rio de Janeiro, com questões culturais, sociais, políticas, artísticas e o bairro Ipanema, inspirada na obra de Rui Castro. Eu conto de onde eu venho, mas me interesso em conhecer histórias e culturas diferentes pelo Brasil, como o Nordeste.
Neste ano você dirigiu um vídeo de divulgação do livro Agressão, a escalada da violência doméstica no Brasil, da Ana Paula Araújo, que fala sobre violência contra mulher. Por que achou interessante participar desse projeto? A Ana Paula Araújo é minha amiga, e eu já tinha ajudado indiretamente com o primeiro livro dela, indicando projetos sociais em Recife. A questão da mulher e da violência sempre me interessou, tanto que fiz a peça Tina, que é sobre assédio. Toda mulher tem algo a contribuir sobre a situação de fragilidade e opressão. Dirigir o projeto foi pensar com ela em como transformar o tema dos livros em um formato audiovisual. É um tema que sensibiliza muito rápido todas as mulheres.
Você fundou a ONG Casa 197 em 2017. Como é conciliar esse projeto com a carreira artística? A Casa 197 é uma estrutura que abriga vários movimentos. Já fizemos trabalhos diversos, incluindo resgates de animais, mas hoje temos um projeto específico. O espaço é fechado e não divulgamos em redes sociais para preservar as pessoas e evitar autopromoção. O foco é em um efeito verdadeiro, com desenvolvimento, transformação e acompanhamento humanizado, ajudando pessoas a voltar ao mercado de trabalho. Somos todos voluntários e estamos planejando novas estruturas para os próximos anos.
Atualmente, com as redes sociais, cada passo de um artista é monitorado e isso acontece com você, muitas vezes viraliza uma curtida que você deu em algum post, mas você não é do tipo que se manifesta politicamente online. Por que prefere se manter isenta nesse assunto? Minha escolha como artista é me expressar socialmente através do meu trabalho e da minha contribuição como cidadã por meio de projetos sociais. Eu procuro fazer o bem na minha comunidade. Acredito e tenho esperança nas mudanças.
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