Há pouco mais de uma década, ao fazer uma leitura de seu livro em badalada livraria de Londres, Bernardine Evaristo, 66 anos, contou nos dedos as pessoas na plateia: seis. Ficou sabendo depois que eram moradores de rua que haviam aparecido por lá em busca de um lugar para pernoitar. Pois sua vida sofreu uma reviravolta daquelas. A escritora britânica acabou de faturar duas das mais relevantes láureas europeias — o Booker Prize e o Prêmio Feminino do Reino Unido. Este último lhe rendeu mais de 700 000 reais, os quais ela anunciou que doará a um projeto de apoio a escritores novatos. “Sinto que posso aproveitar os sucessos, mas sem guardá-los para mim”, diz, do alto da fama, a criadora de romances recheados de personagens negras e não binárias. Sua projeção foi tamanha que ultrapassou mais uma barreira ao se tornar a primeira mulher negra a presidir a prestigiada Royal Society of Literature e a segunda representante da ala feminina por lá em dois séculos.
Com reportagem de Giovanna Fraguito, Nara Boechat e Paula Freitas
Publicado em VEJA de 13 de junho de 2025, edição nº 2948