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O que explica aposta de Hollywood em filmes como Fórmula 1, com Brad Pitt

Amante da adrenalina e mente por trás de Top Gun: Maverick, Joseph Kosinski sabia pouco de Fórmula 1 quando assistiu à série documental Drive to Survive, da Netflix. Imerso nos bastidores do automobilismo, uma nova ambição martelou sua mente. “Vi como o esporte é por dentro e isso me deu a ideia de contar a história de uma equipe azarona, em último lugar no campeonato, que tenta subir na classificação”, explicou o diretor a VEJA sobre a fagulha originária de F1 — O Filme, que estreia nos cinemas na quinta-­feira 26. Protagonizado por Brad Pitt, com coprodução e consultoria do campeão Lewis Hamilton, o longa une realismo técnico a doses de drama hollywoodiano para tentar reproduzir nos cinemas o efeito que a série da Netflix teve no streaming: fisgar a audiência americana e despertar, naqueles que ainda não se renderam, a vontade de acompanhar o esporte, engordando um filão composto pelo oscarizado Grand Prix e pelo aclamado Rush: No Limite da Emoção.

Dominado por décadas por Nascar e Indy Car, o cenário do automobilismo nos Estados Unidos viu o interesse pela F1 saltar nos últimos anos, após a compra da categoria pela empresa americana Liberty Media, em 2017. De lá para cá, a parceria com a Netflix, a atuação forte nas redes sociais e o aumento de circuitos em solo americano impulsionaram a audiência, fazendo com que a base de fãs chegasse no ano passado a 826,5 milhões no mundo, 52 milhões só nos Estados Unidos, segundo a Nielsen. O interesse se refletiu também nas telas, com uma série de documentários e produções dramatizadas, com a minissérie Senna e o longa Ferrari despontando no cinema e no streaming — e abrindo caminho para Kosinski.

Rodado por cerca de três anos, F1 segue o piloto aposentado Sonny Hayes (Brad Pitt) em sua volta às pistas como companheiro de equipe do prodígio Joshua Pearce (Damson Idris). Em fases opostas da vida, os dois se unem numa tarefa quase impossível: fazer com que a equipe APXGP, que nem sequer pontuou até então, consiga ao menos uma vitória na temporada depois de atualizações feitas no carro pela diretora técnica Kate McKenna (Kerry Condon).

COMPANHEIROS - Pitt e Idris no filme: prodígio em ascensão e ex-promessa
COMPANHEIROS - Pitt e Idris no filme: prodígio em ascensão e ex-promessa//Divulgação

Para os mais aficionados pelo esporte, a jornada do herói da equipe e os caminhos nada tradicionais de Hayes na pista parecem hollywoodianos demais. “Não é um documentário. É sobre os personagens e o drama que eles enfrentam nessa história de redenção”, diz o produtor Jerry Bruck­heimer — lembrando que, para além da parte técnica, o filme tem drama, romance e humor. “Foi feito pensando em toda a audiência, então não é complicado demais. É como uma experiência de dirigir um carro muito rápido”, completa Kerry Condon. Além de engenheira brilhante, ela também é par romântico de Pitt no longa e defende a relação: “Não sei por que de repente romance virou algo ruim. Essas pessoas passam dez meses juntas, viajando pelo mundo, onde mais conheceriam alguém?”, frisa ela, rebatendo assim as críticas nas redes ao envolvimento dos personagens.

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Intrigas e romances à parte, são o primor técnico e a adrenalina que conferem à trama um quê de blockbuster de ação à la Missão Impossível e Top Gun. Seis carros de F2 foram adaptados para que se parecessem com os bólidos da F1, e cerca de catorze câmeras foram posicionadas ao redor do automóvel para gravar as imagens. Pitt e Idris passaram por um treinamento intenso, de cerca de seis meses, e dirigiram os carros em circuitos de verdade, às vezes antes ou depois da classificação de provas reais da F1. Câmeras especiais também foram colocadas nos carros de pilotos de verdade, para gravar imagens de corridas que acabaram mescladas digitalmente às feitas pelos carros da APXGP, aumentando o realismo das cenas. “Não há quase nada que eles não nos tenham deixado fazer. Gravamos no grid de largada, na cerimônia do pódio, temos pilotos de F1 interpretando eles mesmos”, explica Kosinski.

O acesso foi facilitado pela associação de Lewis Hamilton ao projeto. O piloto também deu diretrizes técnicas para ultrapassagens, som de motores e uma série de outros aspectos. “Somos apenas vinte no mundo pilotando na F1, isso vai levar essa experiência às pessoas e dar a todos a chance de sentir como é estar ao volante de um dos nossos carros”, atestou o heptacampeão à imprensa. A luta pelo pódio nunca foi tão quente.

Velocidade na tela

Três momentos em que o cinema captou com maestria os dramas e as disputas acirradas nas pistas da F1

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Crédito: Divulgação - - -
<em>Grand Prix</em> (1966)//Divulgação

Grand Prix (1966)
O pioneiro longa de John Frankenheimer teve acesso inédito aos bastidores da F1 e conquistou três Oscars por seu primor técnico e inovação

Crédito: Divulgação - - -
<em>Rush: No Limite da Emoção</em> (2013)//Divulgação
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Rush: No Limite da Emoção (2013)
Ron Howard dramatizou a competitividade voraz de James Hunt e Niki Lauda nas corridas da categoria nos anos 1970

Crédito: Divulgação - - - https://www.neonrated.com/film/ferrari
<em>Ferrari</em> (2023)//Divulgação

Ferrari (2023)
A história do fundador da escuderia italiana vai do drama melancólico a cenas ultrarrealistas de momentos que moldaram o automobilismo

Publicado em VEJA de 20 de junho de 2025, edição nº 2949

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