A expectativa de vida no Brasil vem aumentando, mas o envelhecimento populacional também traz novos desafios para a qualidade de vida dos cidadãos, como a síndrome da fragilidade.
De 10% a 25% dos idosos sofrem com a condição, que compromete significativamente a rotina e o bem-estar. A prevalência aumenta muito acima dos 80 anos e os estudos mostram que 58% dos idosos são considerados frágeis e 42%, pré-frágeis.
Mas o que é exatamente essa síndrome? Ela é definida como uma redução progressiva da força muscular, da resistência e da capacidade funcional. A síndrome da fragilidade aumenta o risco de quedas, hospitalizações, incapacidade e mortalidade.
Alterações hormonais são centrais no desenvolvimento da fragilidade. O envelhecimento é acompanhado por uma queda nos níveis de hormônios anabólicos como a testosterona, o estrogênio e o hormônio do crescimento.
Essa redução hormonal leva à perda de massa muscular (sarcopenia), aumento da gordura corporal e resistência insulínica — fatores que colaboram diretamente para a fragilidade. A deficiência de vitamina D, muito comum entre idosos, também agrava o quadro ao prejudicar a saúde óssea e muscular.
Uma das principais preocupações é a consequência direta da fragilidade: as quedas, muitas vezes com fraturas graves, como de quadril ou coluna.
As principais características do quadro e os critérios diagnósticos são: perda de peso não intencional (redução de 5 kg nos últimos cinco anos sem dieta), exaustão, diminuição da força muscular, lentidão da marcha e baixo nível de atividade física.
Para evitar quedas, é recomendado o uso de dispositivos de auxílio (como bengalas e andadores) e a adaptação do ambiente doméstico, eliminando tapetes soltos e instalando barras de apoio.
A identificação precoce da síndrome da fragilidade é importante para que intervenções possam ser realizadas para melhorar a qualidade de vida do idoso. Hoje, a prática regular e orientada de exercícios físicos é a principal estratégia preventiva, principalmente o treino de força muscular e o equilíbrio.
Reposições hormonais, quando bem indicadas, e a suplementação de vitamina D podem ser estratégias em paralelo. Mas há sempre uma necessidade de avaliação individualizada. A nutrição adequada também desempenha um papel crucial, com ingestão adequada de proteínas, cálcio e antioxidantes para proteger a massa muscular e óssea.
O tratamento da síndrome da fragilidade é multidisciplinar e individualizado. Ele pode incluir exercícios supervisionados de força e equilíbrio, suplementação nutricional, reposição hormonal, controle de doenças crônicas associadas ajustes no ambiente doméstico e intervenções psicológicas para lidar com depressão e isolamento social.
Apesar de ser uma condição desafiadora, o suporte integrado pode preservar a autonomia e melhorar a qualidade de vida no envelhecimento.
* Fernando Jorge é ortopedista, especialista em dor e medicina regenerativa e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; Deborah Beranger é endocrinologista, especialista em terapia intensiva e fellow da Associação Europeia para o Estudo da Obesidade