counter O pulso ainda pulsa…para alguns, infelizmente, não mais – Forsething

O pulso ainda pulsa…para alguns, infelizmente, não mais

Essa bem colocada composição do grupo Titãs nos remete a um movimento que está confundindo a população e os médicos jovens, no qual a medicina real persiste apesar da medicina das redes sociais. Nesse momento, em algum laboratório, câmaras de refrigeração ou ambientes controlados de pesquisa, existem médicos e pesquisadores sérios que estão “escondidos” para garantir que seu pulso ainda pulse.

Peste bubônica, câncer, pneumonia, rubéola, tuberculose, anemia, rancor, cisticercose, caxumba, difteria, encefalite, faringite, gripe, leucemia. Há centenas de anos, médicos e pesquisadores dedicam suas vidas ao controle, prevenção e descoberta de mecanismos para tratar e salvar os seres humanos e, agora, por um divulgado “milagre” tudo pode ser resolvido facilmente por um “médico” da longevidade, da medicina integrativa, da hormonologia e outras pseudoespecialidades. Testosterona, GH, gestrinona, esteroides, corticoides… e o pulso nem sempre pulsa.

Corpos que não condizem com a fisiologia normal, mulheres com pelos e vozes masculinas, braços e ombros de 18 quando se tem 48 e tudo isso cantado como uma melodia dos sonhos. Como diz a música: “o corpo ainda é pouco”.

Hepatite, escarlatina, estupidez. Isso mesmo: estupidez também deve ser tratada e para esta faltarão remédios.

A internet da multiplicação da informação do sonho há muito é usada para fins de jogos, religiões, seduções amorosas, mas agora invadiu uma sinfonia que sempre foi clássica e cuidadosamente composta: a medicina. Não se pode brincar com saúde, com vidas! Pessoas estão morrendo.

Continua após a publicidade

Canetas (para emagrecer) que deveriam ser bem utilizadas na prescrição de melodias muito bem estudadas estão sendo usadas indiscriminadamente e criminalmente por muitos profissionais de saúde para um trajeto duvidoso de tratamento.

Trato obesidade há 30 anos e lá atrás éramos como hippies em um festival de rock. Não sabíamos muita coisa, os recursos eram escassos, os tipos de tratamento eram confusos e os obesos estavam esquecidos na multidão, poucos olhavam por eles. Hoje, todos querem tratar e levar os obesos para o palco, o que acho ótimo, desde que quem trate saiba cantar, quer dizer, cuidar. Partituras são trocadas por pellets de hormônios que não são sons para nossos ouvidos, mas sim implantados nos nossos corpos. Hormônios dos mais diversos são liberados em nosso organismo em doses e dias que ninguém saberá, mas algum efeito acontecerá. Propagandas, postagens, stories, anúncios, promoções, ilusões, cursos, novas sociedades, pseudoespecialidades e o pulso financeiro pulsa. E como pulsa.

Estão tentando reescrever com novas notas nada musicais, eu diria destoantes, a medicina brasileira. Ordem dos Médicos do Brasil, Sociedades e Associações, provas e títulos de especialistas, placas, medalhas, certificados, congressos e jornadas. Tudo fora de qualquer contexto de legalidade. Como a plateia saberá diferenciar se esse médico, título ou especialidade está sendo cantada (real) ou se é “playback”? E diante desse confuso festival, para qual palco ir? Erroneamente para o que brilhe mais, para o que tenha mais seguidores, mais glamour.

Continua após a publicidade

Nessas últimas semanas, os jornais têm estampado homens e mulheres das mais diversas idades perdendo suas vidas por terem caminhado nessa errada direção e o pulso já não pulsa.

Talvez seja hora de todos pensarem naquele primeiro festival de rock: fugir da lama dos profissionais desqualificados, enfrentar uma caminhada um pouco maior no tratamento, mas, no final, ainda que não tenha uma roupa (corpo) tão perfeita quanto o caminho mais curto iria lhe proporcionar, ao menos chegará vivo perto de um palco com boa música, quero dizer, medicina.

Publicidade

About admin