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O pecado original de Lula no caso do tarifaço de Donald Trump

Após o anúncio do tarifaço de Donald Trump aos produtos brasileiros, o presidente Lula defendeu uma negociação com os Estados Unidos a fim de contornar o problema e evitar uma guerra tarifária. Se não houver uma reviravolta ou um acordo entre as partes, a sobretaxa de 50% entrará em vigor em agosto e terá impactos pesados na economia brasileira, como mostra reportagem de capa da nova edição de VEJA.

Em visita a Minas Gerais na quinta-feira 24, Lula disse que nunca teve problema para negociar com outros presidentes americanos e responsabilizou Trump pela falta de diálogo. “Ele não quer conversar. Se quisesse conversar, pegava o telefone e me ligava. Se os Estados Unidos quiserem negociar, o Lulinha estará pronto”, afirmou o petista.

De fato, Trump até agora não abriu margem para que o assunto seja resolvido. Desde maio, por exemplo, o governo brasileiro espera uma resposta a uma proposta de negociação sobre uma taxa adicional de 10% que havia sido anunciada pelos americanos em abril, quando o problema, portanto, tinha percentual e proporção bem menores. 

Trump também não indicou um embaixador para o Brasil e não nomeou um interlocutor para tratar da questão do tarifaço. O único contato divulgado até agora foi uma conversa telefônica entre o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, com o vice-presidente Geraldo Alckmin, cujo teor não foi revelado. O impasse continua e está longe de ser resolvido — não apenas em razão da postura do mandatário norte-americano.

Falha de origem

Lula também tem sua cota de responsabilidade pela dificuldade de diálogo no caso do tarifaço. Ele colhe o que plantou lá atrás. Dias antes da eleição para a Presidência dos Estados Unidos, o petista declarou apoio à candidata democrata Kamala Harris, que acabou derrotada por Trump. 

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Desde então, Lula nunca fez esforços para criar canais de comunicação com Trump, que comanda o segundo maior parceiro comercial do Brasil. O mentor da política externa do PT, Celso Amorim, é um entusiasta de uma visão antiamericana, e os gestos do presidente brasileiro no cenário internacional priorizaram outros países, como a China e a Rússia, que rivalizam com os Estados Unidos militar e economicamente.  

Essas escolhas cobram um preço agora. Nada garante que tentativas de aproximação com Trump, se tivessem sido realizadas, facilitariam uma negociação. O americano é conhecido pelo ego, o narcisismo e a imprevisibilidade desmedidos. Mas uma diplomacia mais profissional e à altura da tradição do Itamaraty, e menos ideológica, seria bem-vinda, sobretudo na relação com um parceiro gigante e bicentenário, como os Estados Unidos.

Lula não se preocupou com isso. Pior: nos últimos dias, subiu o tom contra Trump, num simulacro de valentia que pode até entusiasmar plateias amigas, mas que dificilmente ajudará a preservar as exportações e os empregos brasileiros. “Eu não sou mineiro, mas sou bom de truco. Se ele (Trump) tiver trucando, ele vai tomar um 6″, desafiou o petista em Minas Gerais. Seria tão mais simples se o que estivesse em disputa fosse um singelo jogo de cartas. 

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