É consenso entre especialistas que o futuro do regime dos aiatolás no Irã nunca esteve sob risco tão grande como agora. A guerra deflagrada contra Israel e a possível participação dos Estados Unidos colocam o país em xeque como não se via desde a Revolução Iraniana de 1979. “É o momento mais crítico em décadas porque o Irã também está enfraquecido economicamente por força das sanções internacionais. Há ainda uma resistência cada vez maior por parte da sociedade civil apesar de toda a repressão e da violência do regime autoritário”, diz Paulo Velasco, professor de Política Internacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em entrevista ao programa VEJA Mercado. “O enfraquecimento do Hezbollah e do Hamas nas últimas guerras, aliados históricos do Irã, e mesmo a queda de Bashar al-Assad na Síria, mostram uma debilidade e uma dificuldade extra para o Irã reagir”, completa.
O papel dos Estados Unidos e do presidente Donald Trump será crucial para determinar o futuro do regime. O caráter intervencionista dos americanos no Oriente Médio lembra a invasão ao Iraque liderada por George W. Bush em 2003, mas Trump tem mais obstáculos a superar para liderar uma estratégia semelhante em 2025.
“É difícil avaliar qual a estratégia de Trump porque talvez ele não tenha uma estratégia de fato. É um personagem histriônico e muito errático também”, afirma Velasco. “O problema é que entrar numa guerra traz custos e ônus. Parte do eleitorado de Trump não quer os EUA engajados em lutas mundo afora que significam custos ao Tesouro americano e custos de vidas humanas. Ele precisa conciliar a eventual entrada na guerra com a resistência de parte de sua base”, conclui. O VEJA Mercado é transmitido de segunda a sexta, ao vivo no YouTube e nas redes sociais, a partir das 10h.
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