Uma casa localizada em um bairro nobre de Brasília chama a atenção e desperta a curiosidade dos vizinhos há quase duas décadas. Ela fica a 10 quilômetros do Congresso Nacional, é imponente, mas está abandonada. Os cupins tomaram conta das partes em madeira, as estruturas estão enferrujadas, lascas de concreto caíram do reboco, o mato tomou conta do lote e a piscina é um criadouro do mosquito que transmite a dengue. Também dizem que vultos e barulhos estranhos são frequentemente ouvidos, especialmente à noite.
Segundo o aposentado José Carlos Ferreira, os moradores já entregaram um abaixo-assinado aos órgãos de fiscalização do Distrito Federal pedindo providências. Em 2022, segundo ele, foram registrados 36 casos de dengue na vizinhança. Nada, porém, foi feito, porque ninguém apareceu para receber a notificação.
A funcionária de uma família que mora na rua e passa em frente à casa todos os dias garante que ela é mal-assombrada. “Tenho medo de passar por aqui à noite”, ressalta. A aposentada Marcela Brant confirma que, de fato, há fantasmas na residência, mas eles são de carne e osso — na verdade, viciados que pulam o muro e usam o local para consumir drogas.
O que poucos sabem é que a casa abandonada pertence a um dos políticos mais importantes de sua geração — o ex-senador Antônio Carlos Magalhães, que morou lá até julho de 2007, quando morreu.
No cartório de registro de imóveis consta que a casa “mal-assombrada” tem 782 metros quadrados de área construída e valeria, mesmo abandonada, algo em torno de 10 milhões de reais.
ACM, como era conhecido o senador, deixou para seus herdeiros uma fortuna de 345 milhões de reais em valores da época. O espólio inclui, além da casa, emissoras de TV e rádio, gráfica, construtora, ações e dinheiro.
Procurado, o ex-prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, o ACM Neto, explicou o motivo pelo qual a casa não foi vendida, alugada ou reformada até hoje. “Ela está abandonada porque existe uma judicialização em relação ao inventário de meu avô e, em função disso, não se pode mexer em nada”. Fim do mistério.