Na versão de 1988 de Vale Tudo, escrita por Gilberto Braga (1945-2021), Aguinaldo Silva e Leonor Bassères (1926-2004), quem matou Odete Roitman (Beatriz Segall) foi Leila (Cássia Kis), casada com Marco Aurélio (Reginaldo Faria), funcionário de Odete marcado por sua índole questionável. Manuela Dias, autora do remake, já disse à coluna GENTE que vai gravar cinco finais para a nova Odete (Debora Bloch) e que, desse modo, pretende surpreender o público com sua nova escolha para o assassinato da vilã. A morte está programada para a próxima segunda-feira, 6
Aí mora o perigo que pode selar de vez a graça dessa revelação. É que na versão original, Leila descobre o caso do marido com Maria de Fátima e decide ir até o hotel para confrontá-la. Ao chegar, Leila vê uma pessoa atrás de uma porta de vidro e, sem hesitar, atira várias vezes, pensando ser Fátima. A pessoa atingida, porém, era Odete Roitman, que estava no local discutindo negócios da empresa da família. É ou não é uma explicação e tanto, digna de toda a magia em torno de uma das cenas mais emblemática da nossa teledramaturgia?
E diante das sucessivas adaptações, muitas delas questionáveis, para essa versão de 2025 em vigor, é bem difícil o telespectador se admirar com a escolha de Manuela Dias para um novo rumo ao assassinato. Ou seja, o maior erro de Vale Tudo – alterar a verdadeira identidade da assassina – ainda está por vir. Pode piorar? Pode. Há ainda algo mais grave que suscita dúvidas: que Odete pode permanecer viva após o tiro.