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O impacto no STF do discurso de Tarcísio contra Moraes na Paulista

No mês passado, o ministro Alexandre de Moraes retirou o sigilo de provas colhidas pela Polícia Federal que mostravam como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era tratado por Eduardo Bolsonaro em conversas com o pai.

“Tarcísio nunca te ajudou em nada no STF. Sempre esteve de braço cruzado vendo vc se f… e se aquecendo para 2026”, disse o deputado a Jair Bolsonaro numa mensagem de celular em 11 de julho.

O descontentamento do filho do ex-presidente com o governador vinha do fato de Freitas destacar-se na direita com um discurso moderado, distante do radicalismo alimentado por Bolsonaro, e aberto ao diálogo com “inimigos da direita” como alguns ministros do STF e forças políticas de centro.

Após a revelação do racha no clã Bolsonaro, o governador de São Paulo viu-se numa encruzilhada.

Um caminho defendido por aliados levava ao afastamento do radicalismo bolsonarista. Freitas faria um discurso de direita, mas sem golpismo nem narrativas que estimulassem ataques a instituições e sanções dos Estados Unidos contra o Brasil. Centraria seu discurso no ataque ao PT e aos erros do governo Lula no Planalto.

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Outro caminho defendido por aliados levava diretamente ao coração do discurso radical bolsonarista. Freitas abraçaria a defesa da anistia a golpistas que destruíram as sedes dos poderes em Brasília e que tramaram acabar com a democracia no país para permanecerem no poder. O inimigo a ser atacado, nesse caso, seria o STF e o ministro Alexandre de Moraes.

Na semana em que o Supremo deve condenar Bolsonaro à prisão por liderar um plano de golpe de Estado, Freitas subiu no palanque da Avenida Paulista e fez sua escolha.

Diante dos bolsonaristas, o governador de São Paulo acusou o STF de “destruir a democracia sob pretexto de resgatá-la”, questionou se “a Suprema Corte não está indo longe demais” ao julgar os golpistas e abraçou de vez a narrativa bolsonarista que acusa Moraes de comandar uma ditadura no país.

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“Será que estamos vivendo um Estado livre, um Estado democrático? Certamente não”, disse Freitas. “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo nesse país”, complementou adiante.

O governador de São Paulo também chamou o julgamento de Bolsonaro de “processo maculado”, defendeu “anistia ampla” e que “alcance todo mundo”.

“Não vamos mais aceitar que nenhum ditador diga o que a gente tem que fazer. Não há mal que dure para sempre. E o bem sempre vence o mal. Esse movimento é imparável”, disse Freitas.

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No STF, ministros ouvidos pelo Radar, que antes elogiavam a postura de Freitas como interlocutor moderado da direita, classificaram o discurso como um caminho sem volta. “Queimou as pontes”, diz um ministro ao Radar.

“Era até compreensível que o governador de São Paulo fosse bater continência para Bolsonaro, que o elegeu. Ir até o penhasco é uma coisa. Pular junto? Ninguém esperava. Se enfiar no caixão é outra coisa”, diz outro ministro.

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