O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente americano Donald Trump conversaram por telefone na segunda-feira 6. Na ligação que durou cerca de 30 minutos, os líderes iniciaram a retomada do diálogo entre Brasil e Estados Unidos e o brasileiro pediu ao seu homólogo alívio nas tarifas impostas a produtos nacionais e também o fim das sanções contra autoridades.
Após a conversa, Lula e Trump reiteraram que houve avanço com um diálogo positivo, abertura de ambos os lados e sinalizaram que vão se encontrar pessoalmente em breve, seja nos Estados Unidos ou no Brasil. A aproximação ocorreu após o republicano dizer, durante a Assembleia Geral da ONU, que teve uma “química” com o petista durante um rápido encontro.
Durante o programa Ponto de Vista, de VEJA, a apresentadora Marcela Rahal destacou que o encontro representa uma vitória diplomática para o Palácio do Planalto, em meio às críticas sobre a condução da política externa e às dificuldades comerciais impostas pelo tarifaço.
O cientista político Elias Tavares, entrevistado pelo programa, avaliou que “antes tarde do que nunca” o diálogo direto entre Lula e Trump se concretizou, ressaltando que ambos são líderes de grande projeção internacional, ainda que em campos ideológicos opostos. Segundo ele, o movimento fortalece a posição de Lula e reduz a influência de figuras do bolsonarismo, como o deputado Eduardo Bolsonaro, que até então reivindicava acesso exclusivo ao ex-presidente norte-americano.
A leitura política é de que o gesto de reaproximação não apenas abre espaço para negociações econômicas mais equilibradas, mas também enfraquece narrativas internas que buscavam monopolizar o canal de comunicação com Trump. Para o governo brasileiro, trata-se de uma oportunidade de reposicionar o país no cenário internacional e reduzir os impactos econômicos das recentes sanções.
O professor concluiu que “Lula tem agora a faca e o queijo na mão” para retomar uma relação estratégica que pode render benefícios concretos para o Brasil.