O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que acompanha “com tristeza” a fase de recursos do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 27 anos de prisão. Em entrevista ao programa Ponto de Vista, apresentado por Marcela Rahal, o ex-vice-presidente defendeu o antigo chefe, dizendo nunca ter presenciado qualquer movimento golpista durante o governo, e afirmou que ainda espera um gesto do ex-presidente: definir explicitamente um sucessor para a corrida presidencial.
“Em nenhum momento eu vi o presidente Bolsonaro querer sair fora daquilo que a Constituição prescreve, de querer permanecer no governo mediante um golpe de Estado”, afirmou Mourão. “Acho que foi uma junção de conversas de WhatsApp, reuniões, e da baderna do 8 de janeiro, que resultou nessa condenação terrível a um homem que sempre se esforçou pelo bem do Brasil.”
“Bolsonaro precisa apontar seu sucessor”
Para Mourão, o papel de Bolsonaro será definir um herdeiro político quando não houver mais possibilidades de recurso judicial. “Quando se encerrar esse pacote e ficar definido que ele estará preso efetivamente, será de bom ouvido que o presidente coloque a mão no ombro de alguém e diga: ‘Esse é o meu candidato’. A partir daí, todos temos que trabalhar juntos”, defendeu.
O senador advertiu que a direita corre risco de perder a eleição se não agir de forma coordenada. “Se a gente não se unir, corremos o risco de entregar o país novamente à esquerda. É hora de maturidade política, não de vaidade”, concluiu.
Comunicação restrita e “força moral” ao ex-presidente
Segundo o senador, sua comunicação com Bolsonaro hoje se dá por intermédio dos advogados e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. “Fui testemunha de defesa no processo. Quando preciso, falo com o Flávio, que transmite a mensagem. Procuro sempre mandar força e incentivo para que o presidente tenha moral de enfrentar essa situação tão complicada, agravada pelo estado de saúde dele”, disse.
Mourão ressaltou que, embora Bolsonaro esteja em prisão domiciliar e proibido de manter contato político, mantém apoio entre aliados e “inspira respeito” entre seus correligionários.
“A esquerda só tem um nome; a direita, vários”
Ao comentar o cenário para as eleições de 2026, Mourão disse que o maior desafio da direita será superar a fragmentação interna e unificar candidaturas. “A esquerda só tem um nome, que é o Lula — primeiro e único. Se tirar o Lula, não tem mais ninguém. Por isso é mais fácil para eles. Já a direita tem muitos nomes”, avaliou.
O senador citou Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Júnior (PR), Ronaldo Caiado (GO) e Romeu Zema (MG) entre as possíveis lideranças do campo conservador, além de Michelle Bolsonaro e dos filhos do ex-presidente.