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O futuro da infância não cabe em uma tela

O Dia das Crianças é, historicamente, uma das datas mais simbólicas do nosso calendário afetivo e econômico. Em 2025, 84% dos brasileiros afirmam que vão presentear alguém, o que representa cerca de 130 milhões de pessoas. É o que mostra uma pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com a QuestionPro.

Os brinquedos continuam liderando as intenções de compra, escolhidos por três em cada quatro consumidores, reafirmando que o ato de brincar segue no centro das relações de afeto e cuidado entre adultos e crianças. Mas os dados também revelam transformações profundas no significado da infância. Nunca tivemos tantos brinquedos disponíveis e tanto acesso à tecnologia. Ainda assim, cresce a sensação de que o brincar perdeu espaço, e, com ele, parte importante das experiências que formam nossas memórias coletivas. Se antes a rua era sinônimo de liberdade, convivência e imaginação, hoje muitos pais observam filhos cada vez mais concentrados nas telas, isolados em seus mundos digitais.

Essa mudança não é neutra. Quando o brincar deixa de acontecer em espaços compartilhados, perde-se também a dimensão social da infância, aquela que ensina a dividir, negociar, inventar e se relacionar com o outro. O brincar é, no fundo, uma forma de aprender a viver em sociedade.

Outro ponto revelador é a percepção sobre gênero. A maioria dos brasileiros já entende que não existe brincadeira “de menino” ou “de menina”. Isso mostra avanços importantes, mas também evidencia um descompasso na mudança de mentalidade que avança mais rápido do que a prática cotidiana. Ainda há barreiras culturais e familiares que insistem em limitar a liberdade das crianças de explorar o que desejam.

Por trás dos presentes e das campanhas publicitárias, há um debate essencial: que tipo de infância queremos construir? Brincar não é um detalhe. É um direito, uma linguagem e um espelho do nosso tempo. Precisamos garantir que a infância seja vivida e não apenas consumida.

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