Um estudo da Ativaweb mostra que o julgamento que resultou na condenação de Jair Bolsonaro e de outros sete integrantes da cúpula da trama golpista provocou uma onda de mais de 32 milhões de postagens nas redes.
O levantamento mapeou postagens no X, Facebook, TikTok e Instagram durante os dias 8 e 15 deste mês. O estudo revela a força da polarização digital e o impacto das decisões do Supremo sobre a militância política nas redes.
Sentimento sobre o julgamento
Entre os 32,8 milhões de menções:
- 41,6% defenderam a condenação de Bolsonaro, citando “risco à democracia”, “vitória da
justiça” e “fraude nunca provada”. - 48,7% criticaram a decisão, com argumentos como “perseguição política”, “voto lúcido de
Fux” e “autoritário”. - 9,7% foram neutros ou analíticos
Nesse universo de postagens, os conteúdos mais abordados foram o julgamento em si, o voto do ministro Luiz Fux a favor dos réus e contra os outros ministros da Primeira Turma e a proposta de anistia aos golpistas defendida no Congresso.
Os usuários das redes também se dedicaram a criticar e elogiar — dependendo do lado da polarização — o STF e o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso na Corte.
Em relação a movimentos puxados por apoiadores nas redes, os que tiveram maior alcance foram registrados com as hashtags #SemAnistia e #ForaHugoMotta.
Principal personagem do julgamento, depois de Bolsonaro, claro, o ministro Moraes foi citado em 97% dos conteúdos políticos sobre o julgamento. A audiência, nesse caso, mostrou-se polarizada entre os que exaltaram a “firmeza institucional” de Moraes e os que atacaram seu “autoritarismo”.
Moraes foi citado em praticamente todos os ciclos de debate, mantendo seu papel como símbolo da institucionalidade para a esquerda e figura central de rejeição entre a direita. A análise da Ativaweb mostra que, embora não esteja presente nas redes sociais, sua presença digital é constante moldada pelos discursos dos outros, e não por ele mesmo.
“Alexandre de Moraes não precisa estar nas redes para ser o centro do debate: a internet o tornou um personagem perene da polarização”, diz Alek Maracajá, presidente da Ativaweb.