As ações da marca de roupas American Eagle subiram mais de 20% na segunda-feira 4, um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiar a controversa campanha da empresa com a atriz Sydney Sweeney.
“Sweeney, uma republicana registrada, tem a propaganda ‘MAIS QUENTE’ que existe”, declarou Trump em uma publicação na rede Truth Social na segunda-feira.
A propaganda da American Eagle, veiculada no final de julho, gerou uma chuva de críticas na internet por fazer um trocadilho entre as palavras “jeans” (calça) e “genes” (genética), sugerindo que a beleza da atriz seria decorrente de sua “herança genética”. Alguns usuários de redes sociais criticaram a campanha por estar “desconectada da realidade” e acusaram o roteiro de ecoar uma retórica associada à eugenia e à supremacia branca.
Em um videoclipe compartilhado pela American Eagle no Instagram, Sweeney – loira e de olhos azuis – está em frente a um pôster com a inscrição “Sydney Sweeney tem ótimos genes”. No vídeo, a palavra “genes” é riscada e substituída pela palavra “jeans”. Outro vídeo da campanha mostra a atriz dizendo: “Os genes são passados de pais para filhos, muitas vezes determinando características como cor do cabelo, personalidade e até mesmo a cor dos olhos. Meus jeans são azuis.”
No X (ex-Twitter), um usuário escreveu que “ter uma mulher branca, loira e de olhos azuis e focar sua campanha em torno de sua genética perfeita parece estranho, especialmente considerando o estado atual dos Estados Unidos”, onde uma das políticas dominantes tem sido a pressão do governo Trump para eliminar iniciativas de diversidade, equidade e inclusão – ou DEI.
Um usuário no TikTok argumentou que “as palavras que usamos nunca são involuntárias” e que “o fato de a American Eagle dizer que Sydney Sweeney tem ótimos genes não é um acidente”. “Isso é um sinal claro da ascensão do conservadorismo neste país”, disse ele.
No domingo, 3, a varejista respondeu às críticas por meio de uma publicação no Instagram, afirmando que a campanha ‘Sydney Sweeney Has Great Jeans‘ é e “sempre foi sobre os jeans”.
Após o lançamento da campanha publicitária, as ações da American Eagle tem sido voláteis. Em julho, elas chegaram a ser agrupadas com outras “ações meme” — aquelas que ganham popularidade por viralizar em plataformas digitais e registram rápida valorização, muitas vezes sem relação direta com os indicadores financeiros e operacionais das empresas.
Posicionamento ‘anti-woke’
Enquanto isso, outros usuários de redes sociais, incluindo alguns da direita política dos Estados Unidos, elogiaram a atriz e a campanha por desferirem um golpe na publicidade “woke”.
“A publicidade ‘woke’ está morta, Sydney Sweeney a matou”, escreveu um usuário do X, invocando um termo que conservadores usam como guarda-chuva para todo tipo de progressismo extremo.
Outros descreveram a reação negativa à campanha como exagerada. Um usuário do TikTok escreveu: “Eu, pessoalmente, não entendo por que isso está causando toda essa controvérsia — para mim, é apenas uma propaganda de jeans.”
Em sua publicação, Donald Trump também mencionou outras campanhas publicitárias recentes para criticar estratégias comerciais “woke”. O presidente citou a fabricante de automóveis Jaguar como um exemplo “vergonhoso” ao fazer um anúncio “seriamente WOKE” que resultou em um “DESASTRE TOTAL”. No final do ano passado, a montadora mudou seu logotipo tradicional, rebranding anunciado em uma campanha publicitária que gerou fortes reações negativas nas redes sociais.
“A maré mudou radicalmente — ser WOKE é para perdedores, ser republicano é o que você quer ser”, declarou Trump.