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O drible de filme sobre Ary Barroso para evitar pagar fortuna à Disney

Ary Barroso foi eternizado em Aquarela do Brasil, canção que se tornou um dos maiores símbolos da música nacional. Agora, é a trajetória do compositor que ganha uma abordagem inédita no longa-metragem Ary, dirigido por André Weller. O documentário propõe um mergulho intimista na mente criativa de quem ajudou a inventar a ideia de um “Brasil brasileiro”. Narrado em primeira pessoa pelo ator Lima Duarte, o filme parte de textos escritos e entrevistas originais de Ary, aliados a imagens de arquivo raras e cenas dramatizadas. O longa apresenta momentos únicos da vida de Ary, desde a infância em Minas Gerais aos dias de glória no Rio de Janeiro, passando pela histórica parceria com os estúdios Disney. O elenco conta com participações de Dira Paes, Stepan Nercessian, Leo Jaime, Alan Rocha, Felipe Rocha, Juliana Guimarães e Rafael Rocha.

Em conversa com a coluna GENTE, durante o Festival Aruanda 2025, em João Pessoa (PB), Weller falou sobre o resgate de imagens de Ary nos Estados Unidos, a partir de um acordo contratual com a Disney. “Sempre tive em mente que precisava mostrar as imagens da Disney. Ary Barroso foi convidado pela política de boa vizinhança do Walt Disney, que veio ao Brasil no início dos anos 1940. A primeira parada foi em Belém, em um hotel, onde havia um quarteto de cordas tocando Aquarela do Brasil. Com o faro que ele tinha, disse: “Essa é a minha música. Eu preciso que esteja no meu primeiro filme com os três companheiros”. Perguntou qual era a música, quem era o compositor, e descobriu que Ary Barroso estava no Rio. Ele foi então ao Rio com a missão de encontrar Ary. Houve uma série de percalços no caminho, inclusive resistência de outros compositores, por questão de competitividade. No fim, eles se encontraram. Fazer um filme sobre Ary Barroso sem mostrar isso seria como fazer um filme sobre Pelé sem mostrar o milésimo gol dele”, disse.

O diretor e montador do longa, entretanto, também detalhou a dificuldade de se obter autorização para o uso dessas imagens de Ary junto a Disney, mediante altos valores de licença de uso de imagem. Segundo ele, a Disney tem uma dispendiosa tabela: atualmente, são 12 mil dólares (cerca de 60 mil reais) por minuto. Se quiser usar aquelas imagens, não há alternativa, vai ter que pagar.

“Recorri à Energisa, patrocinadora parceira do filme. Eles assistiram ao filme antes de finalizado e entenderam a importância desse material; fizeram um aporte que não cobria tudo. Era uma pequena fortuna, ainda mais para um documentário. Juridicamente, fomos entendendo que, no Brasil, assim como na música, após 70 anos da morte do compositor, a obra cai em domínio público. Para o audiovisual, vale 70 anos a partir de 1º de janeiro do ano seguinte à estreia do filme. Como os desenhos eram de 1942 e 1943, havia uma brecha. Claro que, para isso, é preciso fazer seguro e consultoria jurídica. Nada disso é barato, mas viabilizou a presença dessas imagens no filme. Nós não pagamos pelas imagens, mas é possível calcular: são cerca de seis minutos de material da Disney, a 12 mil dólares por minuto, fora os impostos que chegam a 27%”, continua André. O filme segue em trajetória de festivais antes de ganhar o circuito.

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