Internamente, a Ambipar tirou o pé sobre a acusação de fraude contra o ex-CFO João Arruda, responsável pelo aditivo assinado com o Deutsche Bank que alterou as condições de garantia da emissão de 750 milhões de dólares em green bonds da companhia.
Executivos consultados pela coluna querem descobrir porque a Ambipar estava tão “despreparada” no episódio. Ainda não há resposta, mas há teses. A principal delas é de que o problema foi de “governança” e “gestão”. “A questão envolve mais a gestão estratégica da companhia do que propriamente fraude”, diz reservadamente um executivo da companhia. “A empresa cresceu muito rápido, com alta alavancagem. É um problema financeiro. Nesses cenários, questões de governança são um desafio”, completa. Segundo o executivo, a recuperação da companhia, se bem sucedida, terá que passar por um programa de gestão “mais sólido”.
Publicamente, o tom é outro. No pedido de recuperação judicial apresentado à Justiça, a Ambipar afirma que, após 15 anos no Bank of America, Arruda chegou “a peso de ouro” ao grupo — e o “empurrou para a beira do precipício”. A empresa fala em inquérito criminal já instaurado e em busca de reparações civis.
A defesa de Arruda diz que ele não assinou o contrato nem o aditivo firmados com o Deutsche Bank e que a questão está superada, uma vez que a própria Ambipar anexou aos autos da ação cautelar os referidos documentos, ambos assinados pelos diretores estatutários Thiago Silva e Luciana Nascimento, profissionais reconhecidamente de plena confiança do controlador e CEO da companhia. Segundo ele, os instrumentos são absolutamente regulares, firmados com um banco internacional de primeira linha.