O Brasil acaba de registrar avanços que há poucos anos pareciam inalcançáveis. O desemprego caiu para 5,6%, o menor nível da série histórica do IBGE. O país saiu novamente do Mapa da Fome, segundo relatório da ONU. E a Bolsa bateu recorde, com o Ibovespa ultrapassando os 145,5 mil pontos pela primeira vez.Em tese, seria o momento ideal para o Congresso se alinhar a essa maré positiva e discutir como transformar conquistas conjunturais em políticas duradouras, investir em infraestrutura, qualificar a mão de obra, ampliar a competitividade do país e aproveitar a bonança para preparar o futuro.
Mas não. Nossos parlamentares parecem viver em outra órbita. Enquanto o Brasil real tenta consolidar emprego e renda, a Câmara preferiu dedicar a terça-feira a dois temas que fariam corar até roteiristas de ficção científica: aprovar a indecente PEC da Blindagem, que barra processos contra deputados e senadores sem aval prévio da própria Casa, e debater OVNIs, luzes e fenômenos aéreos não identificados.
Com todo respeito aos ufólogos, é difícil imaginar algo mais fora de hora. E, no caso da PEC, mais fora de lugar. Trata-se de uma blindagem perniciosa, descabida e descarada, uma porta escancarada para a impunidade e até para o crime organizado dentro do Legislativo.
Ironia das ironias, o Brasil olha para frente, mas o Congresso insiste em olhar para o céu e, de quebra, para o próprio umbigo.