counter O casal que mistura vida real e ficção no teatro: ‘Prazeroso’ – Forsething

O casal que mistura vida real e ficção no teatro: ‘Prazeroso’

Não é novidade um casal de atores subir no palco juntos ou contracenar na televisão. Mas Paula Cohen, 51 anos, e Jiddu Pinheiro, 48, decidiram colocar um desafio a mais neste trabalho ao adaptar para o teatro brasileiro Finlândia, criada pelo francês Pascal Rambert, que chega ao Rio de Janeiro após algumas temporadas de sucesso em São Paulo. Na peça, os artistas, que são casados há sete anos na vida real, retratam um casal em crise, que tenta dialogar sobre o futuro do relacionamento confinados em um quarto em Helsinque. O ingrediente final deste cruzamento do real com ficção está nos nomes: Paula e Jiddu. Em entrevista à coluna GENTE, a atriz, conhecida por interpretar a vilã Miriam em Elas por Elas (2023) e premiada pela atuação em Nos Tempos do Imperador (2021), ambas da Globo, comenta sobre as dificuldades de atuar ao lado do marido, explica como separam vida real e ficção e conta se a relação esquenta fora dos palcos. “Intenso”.

Como é o processo de preparação e ensaio com o Jiddu, sendo também seu parceiro na vida real? Intenso. Primeiro, nós dois, que falamos espanhol fluente, decidimos que cada um faria a sua tradução e depois faríamos o espelhamento juntos. E aí começou a viagem. Foi engraçado e desafiador, pois cada um tem uma forma de ler.  A gente bebeu de algumas fontes cinematográficas, como Kramer vs. Kramer (1979) e Eu Sei Que Vou Te Amar (1986). Alguns meses depois, em novembro do ano passado, entramos na sala de ensaio e lá, com o Pedro [Granato], acabou virando um triângulo.

Por que usar o próprio nome? Quando pegamos o texto, os nomes das personagens eram Israel e Irene porque os atores da primeira montagem se chamavam assim. Inicialmente a gente não sabia, mas depois fizemos o mesmo porque a criação original pede para que se use. O recurso de chamar pelo próprio nome é usado porque de alguma maneira você aproxima a personagem do ator, mas casados cria um estranhamento que até torna interessante. No nosso caso, começou a ficar uma linguagem meio surtada porque a gente é casado na vida real. 

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Se a Paula da vida real estivesse nesse quarto com o Jiddu o diálogo seria diferente? Acho que a Paula de Finlândia avança umas casas que espero nunca avançar. E o Jiddu de Finlândia também. Espero que a gente sempre tenha a serenidade e nunca chegue nesse lugar.

Vocês interpretam um casal em crise. Como fazem para voltar para casa juntos e dormir em paz depois da sessão? Sabe que acho que está sendo bom? A gente joga os demônios no palco e deixamos lá. Mas, às vezes, tem alguma discussão em casa e reconhece semelhanças com alguma parte do texto. Mas a gente começa a gargalhar: ‘Olha isso. Sai daqui’ (risos).

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Já ficou excitante, em algum nível, contracenar nessa tensão emocional com o próprio marido? Sim. É lógico que isso é excitante e prazeroso. Ser ator e atriz é uma devoção, o palco é o lugar que a gente tem mais tesão de estar. Então, estar lá, juntos, contando uma história, passando por essa montanha russa é um tesão. 

A peça tem algumas cenas quentes. É tranquilo interpretar dessa forma no palco e com o marido? Sim. Protegido, obviamente. A gente queria que fosse forte, poderoso, mas ao mesmo tempo bonito. E a gente conseguiu isso.

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Vocês já foram brigados para o palco? Um dia sim. E foi bem forte, mas só uma vez. E a gente falou: ‘bom, já que estamos aqui, vamos entender mais profundamente’. Mas obviamente não era uma briga do tamanho das personagens. Um dia teve uma rusguinha antes do espetáculo, mas a gente entrou, se abraçou e quando terminou pediu desculpas. Mas é muito bonito poder fazer isso. Finlândia é o nosso filho. E a gente tem vontade de fazer muitos espetáculos ainda.

Sobre televisão, você fez uma vilã em ‘Elas por Elas’, que não foi bem de audiência. Como foi esse trabalho para você? Amo fazer televisão. E é muito gostoso fazer vilã, acho que as pessoas têm um fetiche nisso. Sobre audiência, eu não posso nem te dizer porque minha vivência é de dentro, de um prazer absoluto. Mas tivemos algumas mudanças no texto, o que é normal para a televisão.

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