Na mesma semana em que o Itamaraty celebrava o sucesso da reaproximação com os Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro publicava nas redes um vídeo tentando provar o contrário. Enquanto Donald Trump elogiava Lula e o novo tom da diplomacia brasileira, o deputado preferiu se agarrar a um único trecho da coletiva em que o ex-presidente americano disse “gostar do Bolsonaro”.
E só.
Claramente simpático a Lula, Trump fez questão de demonstrar respeito ao presidente brasileiro. O aceno foi recebido como sinal de normalização — o tipo de diplomacia madura que o Brasil havia perdido. Mas Eduardo insiste em negar o óbvio. Disse que o encontro “não foi um sucesso”, alegando que as tarifas americanas aos produtos brasileiros ainda não caíram.
É um argumento frágil. O diálogo está restabelecido e há grande chance de avanços concretos.
O problema é que o deputado continua preso a uma estratégia que já morreu. Assim como ele, alguns remanescentes do bolsonarismo ainda tentam vender a narrativa de que “não está dando certo” a conversa entre o governo americano e o Itamaraty. Está, sim. E isso incomoda.
Eduardo apostou alto quando tentou se firmar como o embaixador informal do trumpismo. Fez viagens, buscou conexões, posou para fotos. No fim, voltou (nem voltou, na realidade porque pode ser preso) sem resultados políticos e com menos relevância até dentro da própria direita. O movimento serviu apenas para expor o que muitos já sabiam: o “Brasil acima de tudo” era, na verdade, “minha família acima de tudo”.
Enquanto o país avança no caminho da normalização diplomática, Eduardo Bolsonaro continua tentando manter viva uma pauta que o mundo já abandonou. E, como se vê, ficou falando sozinho.