Quando a OpenAI e a Nvidia ajudaram a acender a febre global da inteligência artificial, ninguém poderia prever que três anos depois estariam protagonizando um dos maiores movimentos financeiros do setor. A Nvidia anunciou um investimento de até US$ 100 bilhões (aproximadamente R$ 530 bilhões) na OpenAI, destinado a ampliar data centers e abastecê-los com seus chips mais avançados. Um gesto de confiança que, ao mesmo tempo, provoca inquietação sobre a solidez dessa corrida.
Para alguns analistas, o movimento da Nvidia revela uma estratégia de duplo efeito: impulsionar o crescimento da IA enquanto garante a demanda por seus próprios processadores. Em outras palavras, ao financiar o avanço da tecnologia, a empresa cria também um mercado cativo para seus produtos, um círculo virtuoso que poderia, se descontrolado, alimentar tanto entusiasmo quanto especulação.
Desde 2024, a Nvidia investiu em mais de 50 startups de IA, e segundo dados da PitchBook, pode superar esse número ainda este ano. Outras gigantes de tecnologia, como Microsoft e Amazon, seguem o mesmo caminho, investindo em empresas emergentes para impulsionar seus serviços de nuvem. Mas a Nvidia detém uma vantagem única: seus chips são praticamente insubstituíveis no treinamento de modelos de IA de última geração, consolidando a companhia como a grande beneficiária da onda atual.
Apesar da euforia, o setor começa a questionar a sustentabilidade do ritmo de investimento. Dentro e fora da indústria, surgem comparações com a bolha das pontocom, há 25 anos. Startups supervalorizadas, expectativas de retorno irreais e corrida por capacidade computacional formam uma tempestade que poderia se intensificar se a economia global desacelerar ou se os avanços tecnológicos não corresponderem à expectativa.