O mercado financeiro acompanha com cautela a escalada de tensão entre Estados Unidos e Venezuela após ataques a embarcações no Pacífico atribuídas, segundo Washington, ao narcotráfico ligado ao regime de Nicolás Maduro. As ações, autorizadas pelo presidente Donald Trump e pelo secretário de Defesa americano resultaram na morte de oito pessoas e foram apresentadas pelo governo dos EUA como parte do enfrentamento ao financiamento do crime organizado venezuelano. O programa Mercado desta terça, 16, repercutiu o caso (este texto é um resumo do vídeo acima).
As imagens divulgadas pelas Forças Armadas americanas circularam pelo mundo e colocaram a América Latina novamente no radar geopolítico, num momento em que os investidores já lidam com conflitos prolongados em outras regiões, como Ucrânia, Oriente Médio e partes da Ásia.
O que muda no cenário internacional?
Para o economista-chefe da Nomad Danilo Igliori, ouvido no programa Mercado, a principal consequência imediata é o aumento da percepção de risco. Segundo ele, o movimento dos Estados Unidos não deve ser interpretado, ao menos por ora, como uma tentativa direta de derrubar o governo de Maduro, mas como parte de uma estratégia mais ampla de pressão.
“Essas iniciativas elevam a barra de risco e de incerteza. Isso é sempre ruim para mercados emergentes”, avalia. A leitura predominante, diz, é de que os ataques ainda estão concentrados na agenda de combate ao narcotráfico, mas geram especulações sobre possíveis desdobramentos políticos e militares.
Como o mercado financeiro reage?
Na prática, o impacto imediato sobre os mercados ainda é limitado, mas o sinal é negativo. O aumento do risco geopolítico tende a afastar investidores de regiões consideradas mais instáveis, como a América Latina. “A região vinha sendo vista como relativamente tranquila nos últimos tempos. Agora, começa a aparecer como um espaço mais conturbado”, afirma Igliori.
Esse tipo de ambiente costuma pressionar moedas de países emergentes, elevar a volatilidade nos mercados e reduzir o apetite por ativos considerados mais arriscados, especialmente em momentos de incerteza global.
Há risco direto para o Brasil?
Segundo o economista, ainda é cedo para medir efeitos diretos sobre a economia brasileira. O cenário, por enquanto, é preliminar e depende da evolução dos fatos. Caso a tensão se prolongue ou se amplie para outros países da região, o Brasil pode ser afetado indiretamente por mudanças no humor do mercado, fluxos de capitais e aumento da aversão ao risco.
“O que temos agora é um alerta. Não dá para afirmar que haverá grandes mudanças, mas é algo que o mercado vai observar com atenção”, resume.
O que esperar daqui para frente?
A avaliação é de cautela. Para Igliori, a América Latina entra novamente no mapa das preocupações geopolíticas globais, ainda que em escala menor do que outros conflitos em curso. O desfecho dependerá da resposta do regime venezuelano, da postura do governo americano e da capacidade de a tensão permanecer restrita a ações pontuais.
Enquanto isso, investidores e analistas seguem atentos a qualquer sinal de escalada que possa transformar um episódio localizado em um fator mais relevante para os mercados internacionais.
VEJA+IA: Este texto resume um trecho do programa audiovisual Mercado (confira o vídeo acima). Conteúdo produzido com auxílio de inteligência artificial e supervisão humana.