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Novo tratamento capaz de salvar crianças com lúpus é aprovado no Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu aval a uma nova medicação para uma das principais repercussões do lúpus entre crianças. A doença autoimune pode gerar um quadro conhecido como nefrite lúpica, cuja evolução acarreta a falência renal e a necessidade de diálise ou transplante.

Desenvolvido pela farmacêutica GSK, o belimumabe (de nome comercial Benlysta) é o primeiro remédio imunobiológico com aprovação para pacientes a partir dos 5 anos de idade com o problema nos rins desencadeado pelo lúpus eritematoso sistêmico. 

O lúpus é uma doença autoimune – ou seja, causada pelo ataque das células de defesa a tecidos e órgãos do corpo – que pode agredir a pele, as articulações, os vasos sanguíneos e áreas vitais como os rins e o cérebro. Segundo o Ministério da Saúde, a enfermidade é mais comum em mulheres e a maior parte dos diagnósticos ocorre entre os 15 e os 40 anos de idade.

Estima-se que até 300 000 brasileiros convivam com o lúpus. Embora a minoria dos pacientes seja o grupo das crianças, em geral a doença é mais agressiva na infância, podendo levar a consequências graves como a nefrite lúpica.

Estudos apontam que de 40 a 80% das crianças e adolescentes com lúpus sistêmico podem desenvolver o problema renal. E é nesse cenário que a nova medicação deve entrar em cena no Brasil. O objetivo é ampliar o arsenal dos especialistas para além das terapias convencionais e evitar desfechos como a insuficiência renal.

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Por dentro da doença e do novo tratamento

O lúpus eritematoso sistêmico é uma condição autoimune crônica e ainda sem cura, que pode desencadear danos e sintomas em diversas áreas do corpo. Está associado tanto a manchas e erupções na pele e a dores nas juntas como a fadiga constante e febre sem motivo aparente.

O perigo é que, sem o devido controle, a doença provoca inflamação e lesões em vasos, tecidos e órgãos, aumentando o risco de eventos que vão de derrame a falência renal. 

“Eu diria que o lúpus é mais grave na criança do que no adulto”, afirma a reumatologista Blanca Bica, chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ. “Pelo menos 50% das crianças já apresentam uma alteração renal no diagnóstico. E até 80% delas vão desenvolver comprometimento renal nos anos que se seguem”, calcula.

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Segundo a médica também ligada à Sociedade Brasileira de Reumatologia, um dos maiores desafios para essa população com a doença é justamente o diagnóstico precoce. “Por ser um quadro indolor, o comprometimento dos rins pode passar despercebido, e as lesões ali vão evoluir e a criança irá perder inexoravelmente a função renal se não houver tratamento adequado”.

Outro desafio para os pacientes mais novos diz respeito ao tratamento em si. A abordagem tradicional se baseia na investida crônica de remédios da classe dos corticoides e dos imunossupressores, que, embora ajudem a frear o ímpeto imunológico, tendem a gerar muitos efeitos colaterais.

Além disso, a dificuldade na adesão envolve desde o uso constante como a administração de comprimidos grandes para as crianças – o que por vezes resulta no abandono do tratamento.

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Como nem sempre a resposta a essas intervenções é satisfatória, ganhou força entre os especialistas a ideia de adicionar terapias biológicas como o belimumabe. “As novas diretrizes americanas e europeias já orientam que, não havendo uma resposta inicial dramática ao tratamento padrão, a gente inicie o uso dessas novas medicações diante de casos de lúpus grave com comprometimento de órgãos”, conta Bica.

De acordo com a professora da UFRJ, a meta é colocar a doença sob remissão e impedir os ataques aos rins que caracterizam a nefrite lúpica, podendo inclusive diminuir a dose de corticoides que auxiliam no controle do quadro.

O Benlysta, já aprovado para o tratamento do lúpus no país e agora com nova indicação para as crianças a partir de 5 anos com a complicação renal, é um anticorpo monoclonal injetável que reduz a atividade de células de defesa que se tornam autorreativas e passam a atacar o próprio organismo.

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