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Novo fator de risco para pressão alta é descoberto por pesquisadores

A hipertensão tem um forte elo com questões genéticas, mas pode ser causada por fatores externos. O consumo excessivo de sal é o mais conhecido, assim como tabagismo, sedentarismo, colesterol elevado, diabetes e obesidade. Um novo fator de risco foi descoberto por um grupo da Universidade de Glasgow, na Escócia, e pode nortear ações para prevenir a pressão alta: a dor crônica. No estudo, publicado no periódico Hypertension, da Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês), os pesquisadores mapearam a localização das dores mais “perigosas” para o desenvolvimento da doença que pode levar a complicações graves, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Os pesquisadores avaliaram dados de mais de 200.000 adultos obtidos do UK Biobank, que reúne informações de saúde de voluntários do Reino Unido, que foram indagados sobre dores que interferiram em suas atividades do dia a dia, se os sintomas duravam mais de três meses e onde eles sentiam o incômodo: cabeça, pescoço e ombros, costas, quadril, região abdominal, joelhos ou no corpo todo.

O acompanhamento por cerca de 13,5 anos mostrou que pessoas que viviam com dores generalizadas de forma crônica tinham um risco 75% maior de desenvolver hipertensão. Naqueles que a dor crônica era localizada em um ponto do corpo, o índice foi de 20%.

Ao comparar os pacientes com pessoas sem dor, o grupo constatou que a dor no corpo inteiro estava associada a um risco 74% maior de ter pressão alta, logo, é o quadro que mais leva ao aparecimento do problema. Na sequência, vieram dor abdominal crônica (43% maior), dores de cabeça (22%), dor na região do pescoço e ombro (19%), no quadril (17%) e na região das costas (16%).

A peça que liga esses dois problemas é a saúde mental abalada pela persistência da dor. “Parte da explicação para essa descoberta foi que ter dor crônica aumenta a probabilidade de as pessoas desenvolverem depressão, e a depressão, por sua vez, aumenta a probabilidade de desenvolverem hipertensão. Isso sugere que a detecção e o tratamento precoces da depressão em pessoas com dor podem ajudar a reduzir o risco de desenvolverem hipertensão”, explicou, em comunicado da AHA, Jill Pell, autora do estudo e professora de Saúde Pública na Universidade de Glasgow.

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A comunidade científica já conhece a relação entre depressão e quadros inflamatórios e a hipertensão, pontos que foram considerados pelo grupo, inclusive com exames de sangue de proteína C-reativa (PCR), um marcador para inflamação. O diferencial desse estudo foi investigar a dor crônica como um fator de risco destrinchando os pontos que podem elevar a probabilidade de desenvolver a doença.

Manejo da dor

Os próximos passos para os achados é investigar os tratamentos mais adequados para manejo da dor crônica sem afetar o controle da pressão arterial. Essa foi uma preocupação levantada por Daniel Jones, reitor na Faculdade de Medicina da Universidade do Mississippi em Jackson, nos Estados Unidos, e presidente da Diretriz de Hipertensão Arterial de 2025 da AHA.

“A dor crônica precisa ser controlada levando-se em consideração a pressão arterial do paciente, especialmente considerando o uso de medicamentos para dor que podem afetar negativamente a pressão arterial”, disse, também em comunicado, referindo-se a anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno, que elevam a pressão.

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Há limitações no estudo e uma delas é a população pouco diversificada, composta principalmente por adultos brancos e de meia-idade. Mesmo assim, reabre o importante debate sobre os cuidados com pacientes que vivem com dor crônica, que costumam ser negligenciados e estigmatizados, de modo que escondem sua condição até dos médicos. O alerta sobre sua relação com a hipertensão, uma doença que mata — só no Brasil, são 388 mortes por dia –, pode mudar essa situação.

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