A nova alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para operações de crédito para empresas pode praticamente triplicar o valor do imposto em linhas de capital de giro, encarecendo o crédito em um momento de margens apertadas e alta dependência de empréstimos para manter a operação. É o que mostram simulações feitas pelo planejador financeiro Henrique Soares, da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro).
Em um contrato de R$ 500 mil por 12 meses, o IOF sobe de 6.650 reais, no modelo antigo de alíquota única de 1,33%, para 16.865 reais com a nova regra (veja o cálculo detalhado abaixo). Assim, em um contrato de 850 mil reais, o valor salta de 11.305 reais para 28.670 reais. “Não é só um ajuste técnico, é dinheiro saindo do dia a dia”, afirma Soares.
Custo efetivo anual do IOF aumenta no novo modelo
O custo efetivo anual do IOF, com o novo modelo, chega a 3,37%, isso considerando a aplicação da alíquota fixa somada à diária por um ano. Para empresas que recorrem frequentemente ao crédito para manter o fluxo de caixa, o impacto pode ser significativo. “Quem trabalha com margens apertadas e não tem estrutura de planejamento vai sentir ainda mais”, diz o especialista.
Para o diretor de operações da consultoria GoNext, Aldo Macri, a mudança repentina também traz desafios operacionais. “O impacto é ainda mais significativo quando a decisão afeta acordos programados, exigindo nova avaliação de cálculos, controles e registros contábeis”, afirma. O especialista destaca que empresas com grande volume de transações de crédito terão que revisar registros já fechados, o que pode afetar o planejamento financeiro e contábil.
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Diante desse novo cenário, a recomendação para as empresas é a de que elas revisem seus fluxos de caixa, busquem alternativas de financiamento mais baratas — como antecipação de recebíveis ou crédito com garantia, e evitem empréstimos de última hora. “A pressa custa caro”, indica Soares.
Macri ressalta ainda a importância de uma gestão profissionalizada e de lideranças alinhadas para reagir com agilidade diante das mudanças regulatórias. “A capacidade de mobilização rápida é essencial para mitigar riscos e preservar a saúde financeira da empresa”, diz. Na visão do executivo, companhias que mantêm processos sólidos de planejamento tributário e gestão de riscos tendem a ganhar vantagem competitiva mesmo em momentos de instabilidade.
Quanto fica o IOF para R$ 500.000 em operações de crédito para empresas
1.Regra anterior (alíquota de 1,33%)
O cálculo era direto:
IOF = Valor do crédito × 1,33%
IOF = 500.000 × 0,0133 = R$ 6.650
2.Com a nova regra
Agora, o cálculo tem duas partes:
A) Alíquota fixa: 0,38% (aplicada uma vez sobre o valor do crédito).
– Para R$ 500.000: 500.000 × 0,0038 = R$ 1.900
B) Taxa diária: 0,0082% por dia (0,000082 em decimal).
– Para 365 dias: 0,000082 × 365 = 0,02993 (ou 2,993%)
– Para R$ 500.000: 500.000 × 0,02993 = R$ 14.965
Somando as duas parcelas:
1.900 (fixa) + 14.965 (diária) = R$ 16.865