Os Estados Unidos vetaram novamente nesta quinta-feira, 18, uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que exigia um cessar-fogo imediato e a libertação dos reféns mantidos na Faixa de Gaza — acredita-se que apenas 20 dos 57 sequestrados ainda estejam vivos. Todos os outros 14 membros votaram a favor da disposição, que definia a situação no enclave como “catastrófica”. Mais de 45 mil palestinos morreram — entre eles, 428 por fome, incluindo 146 crianças — desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.
“Colegas, a oposição dos EUA a esta resolução não será nenhuma surpresa”, disse Morgan Ortagus, assessora sênior de política dos EUA, antes da votação. “Ela não condena o Hamas nem reconhece o direito de Israel de se defender, e legitima erroneamente as falsas narrativas que beneficiam o Hamas, que infelizmente encontraram força neste conselho.”
Ortagus afirmou que os membros do Conselho “ignoraram” os avisos americanos sobre a linguagem “inaceitável” e adotaram, segundo ela, “ações performativas destinadas a gerar veto”. Em junho, os EUA também vetaram uma resolução similar, acusando-a de premiar “injustamente o terrorismo”. Na ocasião, a embaixadora Dorothy Camille Shea afirmou que, no lugar da proposta, as Nações Unidas deveriam demandar a desmilitarização do Hamas.
+ Ministro israelense fala de ‘bonança’ imobiliária em Gaza e insinua divisão de terras com EUA
‘Profundo alarme’
Redigida por 10 membros eleitos do conselho que cumprem mandatos de dois anos, a proposta aumentava o tom com Israel ao alertar o “aprofundamento do sofrimento” dos civis palestinos e expressar “profundo alarme” pelo alastramento da fome em Gaza. No final de agosto, a a Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), que produz o mais confiável termômetro sobre a fome, elevou sua classificação para a Fase 5 – a mais alta e grave – na Cidade de Gaza e seus arredores.
Além dos EUA, o documento desta quinta também foi rejeitado pelo embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, que alegou que a resolução “não libertaria os reféns e não traria segurança à região”, acrescentando: “Israel continuará a lutar contra o Hamas e a proteger seus cidadãos, mesmo que o Conselho de Segurança prefira fechar os olhos ao terrorismo”.
A Argélia, uma das líderes da resolução, expressou consternação com o bloqueio dos EUA e pediu desculpas aos palestinos. No entanto, o embaixador argelino nas Nações Unidas, Amar Bendjama, disse que “14 corajosos membros deste Conselho de Segurança levantaram suas vozes” e “agiram com consciência e em prol da opinião pública internacional”.