Um ninho de vespas com níveis de radiação dez vezes acima do permitido foi descoberto no início de julho na Usina de Savannah River, antiga fábrica de armas nucleares dos Estados Unidos, na Carolina do Sul, segundo informe acessado pela agência de notícias The Associated Press nesta quinta-feira, 31. A estrutura estava em um poste próximo a tanques subterrâneos que armazenam milhões de litros de resíduos radioativos. Não havia insetos vivos ali, mas foi o suficiente para acender o alerta.
De acordo com um relatório do Departamento de Energia americano, datado de 22 de julho, o ninho contaminado foi descoberto na instalação de Savannah River em 3 de julho, perto de tanques usados para armazenar resíduos nucleares em estado líquido.
O ninho foi pulverizado com inseticida e descartado como lixo nuclear, relatou a empresa que opera o local ao jornal local Aiken Standard, acrescentando que o objeto foi encontrado pela equipe de controle radiológico “enquanto realizava atividades rotineiras de monitoramento de radiação”.
“Após a descoberta do ninho contaminado, a área imediata foi isolada e inspecionada; nenhuma contaminação foi encontrada na área. Não houve impactos aos trabalhadores, ao meio ambiente ou ao público”, acrescentou a empresa, chamada Savannah River Mission Completion, ao Aiken Standard.
O Departamento de Energia, responsável pelo complexo, também negou ter havido qualquer vazamento e atribuiu a radiação detectada ao que chamou de “contaminação de legado” — uma herança da era da Guerra Fria, quando o local produzia fossetas de plutônio, material do núcleo explosivo de ogivas nucleares.
“O solo e a área ao redor não apresentaram nenhuma contaminação”, afirmou o departamento no relatório, concluindo que nenhuma outra ação era necessária.
Hoje, a Usina de Savannah River não fabrica mais armas, mas ainda lida com os resíduos deixados para trás. Desde sua criação, gerou cerca de 625 milhões de litros de lixo nuclear líquido altamente contaminados. Após décadas de evaporação controlada, o volume caiu para 129 milhões, ainda armazenados em 43 tanques subterrâneos. Outros oito tanques foram permanentemente desativados.
A ONG ambientalista Savannah River Site Watch, no entanto, questionou a origem da contaminação e apontou falhas no relatório oficial. “Estou tão irritado quanto uma colmeia de vespas por não terem explicado se houve vazamento ou de onde exatamente veio essa radiação”, ironizou Tom Clements, diretor do grupo.
A organização também pediu a identificação da espécie de vespa envolvida. Isso porque diferentes tipos constroem seus ninhos com materiais diversos — como madeira, barro ou vegetação seca —, o que poderia indicar por onde os insetos passaram antes de montar a estrutura.
Apesar dos questionamentos, as autoridades americanas afirmam que o risco é nulo. Ninhos de vespas costumam ser construídos próximos às colônias e não há indícios de que esse tenha migrado para fora da área de segurança.