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Neto de Mandela é deportado por Israel após dias preso por participar da flotilha de Gaza

O neto de Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul e ativista antiapartheid, chegou a Joanesburgo nesta quarta-feira, 8, após ter sido preso e deportado pelo governo israelense devido à sua participação na Flotilha Global Sumud, que tentava levar ajuda humanitária a Gaza. Ele retornou ao país ao lado de outros quatro sul-africanos que também estavam nos barcos interceptados por Israel na semana passada.

“Fomos algemados com braçadeiras amarradas firmemente nas costas, tirados dos barcos, colocados na plataforma e exibidos para todos… verem”, disse Mandla Mandela, de 51 anos, ao ser recebido por apoiadores e repórteres no aeroporto. “Mas não é nada comparado ao que os palestinos têm sido submetidos diariamente.”

No domingo, 5, o centro jurídico Adallah, que representa os ativistas, afirmou que os participantes detidos enfrentavam “maus-tratos e agressões” nas prisões em Israel. O relatório dos advogados informou que os participantes detidos estão sem acesso a medicações e à água limpa. Um dia antes, a ativista sueca Greta Thunberg relatou a autoridades da Suécia que estava em uma cela com percevejos e que recebia pouca comida e água. Ela foi deportada nesta segunda-feira, 6, junto a outros 170 ativistas de vários países.

Nove membros da flotilha que foram deportados para a Suíça alegaram privação de sono e falta de água e comida. Alguns deles teriam sido espancados, chutados e trancados em uma gaiola. Além deles, ativistas espanhóis denunciaram maus-tratos ao chegarem à Espanha no domingo. Parte da iniciativa, os jornalistas espanhóis Carlos de Barron e Nestor Prieto relataram que as autoridades israelenses assinaram uma declaração em nome dos ativistas deportados que afirmava que eles entraram ilegalmente no país.

“Eles colocaram documentos em hebraico na nossa frente, negando-nos o direito a um tradutor, e não recebemos assistência consular porque eles não permitiram que o cônsul (espanhol) entrasse no porto de Ashdod”, disse Prieto.

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Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores de Israel definiu as acusações como “mentiras completas”. Um porta-voz afirmou à agência de notícias Reuters no fim de semana que todos os detidos tiveram acesso a água, comida e banheiros. Ele também frisou que “não tiveram acesso negado a aconselhamento jurídico e todos os seus direitos legais foram totalmente respeitados”.

+ Israel deporta Greta Thunberg e mais 170 ativistas da flotilha de Gaza

Entenda o caso

Mais de 40 barcos com suprimentos e 500 tripulantes de 40 países, incluindo o ativista brasileiro Thiago Ávila, tentavam romper o bloqueio israelense quando foram interceptados na última quarta-feira, 1°. Em comunicado, a iniciativa internacional disse que a frota foi rendida “ilegalmente” e que “as câmeras estão desligadas e as embarcações foram abordadas por militares”. Nas redes sociais, multiplicam-se apelos pré-gravados de pessoas que estavam nos navios e de seus familiares para que sejam libertados.

As autoridades israelenses, em guerra contra o Hamas em Gaza há quase dois anos, descartaram essas tentativas de levar ajuda ao enclave costeiro como acrobacias publicitárias e jogadas de marketing. Mais de 65 mil palestinos foram mortos — entre eles, 440 por fome, incluindo 144 crianças — desde o início do conflito, em 7 de outubro de 2023.

Em junho, outra tentativa da flotilha também foi interceptada. A missão contava com a participação de 12 tripulantes, também com Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila, que foram deportados por Israel. Enquanto estava detido, Ávila fez greve de fome e água.

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