O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta segunda-feira, 7, que indicou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao prêmio Nobel da Paz pelos seus “esforços” no Oriente Médio. O anúncio ocorreu enquanto os líderes se reuniam na Casa Branca, na terceira visita de Netanyahu a Trump em três meses. No encontro, além do Nobel, eles discutiram o deslocamento dos palestinos a nações árabes, os ataques ao Irã e o envio de armas à Ucrânia.
“Ele está promovendo a paz neste exato momento, em um país, em uma região após a outra”, disse o premiê israelense ao informar que enviou uma carta de recomendação a favor de Trump ao comitê do Nobel da Paz.
A honraria é concedida a pessoas ou organizações que tenham “realizado o maior ou o melhor trabalho em prol da fraternidade entre as nações, pela abolição ou redução de exércitos permanentes e pela realização e promoção de congressos de paz”, como indicou o fundador do troféu, Alfred Nobel, no seu testamento em novembro de 1825. Desde então, o prêmio foi concedido 105 vezes — no ano passado, a escolhida foi a organização japonesa Nihon Hidankyo, de sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki, que luta pelo desarmamento nuclear.
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A indicação tem futuro?
É difícil que Trump, que há tempos está de olho no prêmio, saia vencedor da disputa. Os indicados têm o trabalho analisado minuciosamente pelo Comitê Norueguês do Nobel. Nos últimos meses, Trump apoiou o deslocamento da população de Gaza — o que é condenado pelo direito internacional — e prometeu tomar controle da Faixa de Gaza, que seria transformada por ele na “Riviera do Oriente Médio”.
Além disso, houve o fiasco do grupo de membros do governo que compartilhavam planos de ataques ao Iêmen no aplicativo de mensagens Signal. A campanha de bombardeio provocou a morte de 224 civis entre março e maio, em comparação com 258 entre 2002 e 2024, segundo um levantamento grupo de monitoramento britânico Airwars. Foram, portanto, operações com custo humano altíssimo.
Trump também é conhecido pela retórica agressiva e belicosa — antes dos bombardeios ao Irã, em 21 de junho, ele já havia prometido atacar o país caso as negociações nucleares entre Washington e Teerã não avançassem. O republicano se distanciou do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e se aproximou do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que ordenou a invasão ao território ucraniano em fevereiro de 2022. Também mostra um apoio inflexível a Israel, que recentemente lançou uma bomba de 230 kg contra um café lotado de civis na Cidade de Gaza, apesar da escalada da violência no enclave palestino. Não é um pacificador global, por mais que tente se vender como um.
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Como funciona o processo
Ao todo, 338 candidatos foram nomeados para a edição do Nobel da Paz de 2025. Deles, 244 são indivíduos e 94 são organizações, de acordo com o site da premiação. Para que a recomendação seja aceita, os indicados devem cumprir requisitos, que estabelecem uma lista de quem pode sugerir alguém ou uma instituição para disputar a honraria, uma vez que não é possível enviar uma indicação em benefício próprio:
- Membros de assembleias nacionais e governos nacionais (membros do gabinete/ministros) de estados soberanos, bem como atuais chefes de estado
- Membros do Tribunal Internacional de Justiça em Haia e do Tribunal Permanente de Arbitragem em Haia
- Membros do l’Institut de Droit International
- Membros do Conselho Internacional da Liga Internacional de Mulheres pela Paz e Liberdade
- Professores universitários, professores eméritos e professores associados de história, ciências sociais, direito, filosofia, teologia e religião; reitores e diretores universitários (ou seus equivalentes); diretores de institutos de pesquisa sobre paz e institutos de política externa
- Pessoas que receberam o Prêmio Nobel da Paz
- Membros do conselho de administração principal ou equivalente de organizações que receberam o Prêmio Nobel da Paz
- Membros atuais e antigos do Comitê Norueguês do Nobel (as propostas dos membros atuais do Comitê devem ser apresentadas até a primeira reunião do Comitê após 1º de fevereiro)
- Ex-assessores do Comitê Norueguês do Nobel
Com os nomes em mãos, o Comitê Norueguês do Nobel fica responsável por selecionar candidatos elegíveis e definir quais serão os laureados — como no caso de Nihon Hidankyo, mais de uma pessoa pode premiada. O Comitê é composto por cinco membros nomeados pelo Parlamento da Noruega, o Storting.
“Na primeira reunião do Comitê Nobel após o prazo final de 1º de fevereiro para indicações, o Secretário Permanente do Comitê apresenta a lista dos candidatos do ano. O Comitê pode, nessa ocasião, adicionar outros nomes à lista, após o que o processo de indicação é encerrado e a discussão dos candidatos específicos tem início. À luz dessa primeira análise, o Comitê elabora a chamada lista curta – ou seja, a lista de candidatos selecionados para uma análise mais aprofundada”, explica o portal do Nobel, acrescentando que são escolhidas de 20 a 30 indicações nesse processo.
“Os candidatos pré-selecionados são então avaliados pelos conselheiros permanentes do Instituto Nobel. Além do Diretor e do Diretor de Pesquisa do Instituto, o corpo de conselheiros geralmente é composto por um pequeno grupo de professores universitários noruegueses com ampla experiência em áreas temáticas relacionadas ao Prêmio Nobel da Paz. Os conselheiros geralmente têm alguns meses para elaborar seus relatórios”, afirma o site.
Depois disso, os membros do conselho discutem os relatórios e buscam “alcançar unanimidade na seleção do laureado”. Caso não seja possível, o vencedor é decidido por maioria simples. O nome da organização ou da pessoa agraciada só é divulgado na noite de premiação, em Oslo, na Noruega.
