A Nestlé, multinacional suíça de alimentos e bebidas anunciou na quarta-feira, 19, um novo e robusto ciclo de investimentos no país, no valor de R$ 7 bilhões entre 2025 e 2028. Trata-se de um aumento em relação ao ciclo anterior, que somou R$ 6,3 bilhões, reforçando o papel da operação brasileira como motor de expansão para o grupo, ao lado de Estados Unidos e China.
“Esses investimentos são uma chancela à operação brasileira, que é a terceira maior da Nestlé em todo o mundo”, afirmou Marcelo Melchior, CEO da Nestlé Brasil. No ano passado, a operação local faturou cerca de 4 bilhões de francos suíços, cerca de US$ 5 bilhões (R$ 27 bilhões).
Os novos recursos serão destinados a modernizar linhas de produção, ampliar a capacidade fabril e acelerar o ritmo de inovação em categorias-chave, como cafés, chocolates, nutrição infantil e pet food. Há também um foco claro na sustentabilidade, com avanços em agricultura regenerativa e eficiência energética nas fábricas. Segundo Melchior, o plano é manter a indústria brasileira conectada ao que há de mais avançado nos centros globais da companhia. “Estamos intensificando o trabalho com itens que chamamos de ‘turbo’, como Chocotrio, Nescafé Farmers Origins e bebidas prontas para adultos”, diz.
O plano de expansão contempla investimentos estratégicos em suas três principais commodities: café, cacau e leite. No setor de cafés, a Nestlé destinará mais de R$ 500 milhões, já incluídos nos R$ 7 bilhões anunciados , para fortalecer a produção local. Isso inclui a ampliação da fábrica de cápsulas Nescafé Dolce Gusto em Montes Claros (MG), a instalação de uma nova linha de extração de café solúvel em Araras (SP) e a expansão do parque de máquinas da Nestlé Professional, que atende o mercado de alimentação fora do lar (out of home) e é hoje a maior operação do tipo da Nestlé em todo o mundo. A expectativa é chegar a 30 mil máquinas até o final de 2025.
Na divisão de chocolates, onde o Brasil é o maior mercado global da empresa, os investimentos vão impulsionar a ampliação da fábrica de Vila Velha (ES), com a introdução de novas tecnologias para produção de bombons e chocobiscuits.
Já na categoria de nutrição infantil, os aportes serão concentrados na planta de Ituiutaba (MG), que fabrica fórmulas como Ninho, Nestogeno e Nestonutri. A divisão é uma das mais estratégicas globalmente e se apoia em uma robusta estrutura de pesquisa e desenvolvimento. A Nestlé investe cerca de 1,7 bilhão de francos suíços por ano em P&D, com foco crescente em saúde materno-infantil.
Outro destaque do novo ciclo é a operação de Petcare, que entra em nova fase com o início das atividades da fábrica da Purina em Vargeão (SC), prevista para agosto. Fruto de um investimento de R$ 2,5 bilhões iniciado no ciclo anterior, a planta opera sob o conceito de indústria 4.0, incorporando internet das coisas, inteligência artificial e robótica. A unidade torna-se uma base exportadora para América Latina, Europa e Estados Unidos, especialmente no segmento de alimentos úmidos para cães e gatos, que cresce em ritmo acelerado.
A Nestlé também aproveita o novo ciclo para consolidar sua liderança em sustentabilidade. Atualmente, todas as 18 fábricas da companhia no país utilizam alguma fonte de energia elétrica renovável. Os investimentos vão reforçar projetos de eficiência energética e expandir a adoção de práticas regenerativas nas cadeias produtivas de cacau, café e leite. Mais de 40% das matérias-primas dessas cadeias já são obtidas de propriedades que utilizam práticas regenerativas, índice que supera a meta global da Nestlé de 20% até 2025.