O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira, 17, que os Estados Unidos deveriam copiar o modelo de pagamentos instantâneo Pix, e que não está clara a motivação para o incômodo dos Estados Unidos com o Pix. Haddad também se mostrou confiante de que o tarifaço de 50% não vai ser posto em prática pelos Estados Unidos, por conta dos efeitos ruins que pode causar na economia americana.
Nesta semana, o Pix entrou na mira de Trump, e o governo americano abriu uma investigação comercial contra o Brasil. No documento, os EUA dizem que o país parece estar engajado em práticas anti-competitivas, como o favorecimento de serviços de pagamentos desenvolvidos pelo governo.
“Os Estados Unidos deveriam estar copiando o Pix. O Pix pode ser exportado como uma tecnologia que vai facilitar muito a vida das pessoas. Você não se incomoda com criptomoeda e vai se incomodar com o Pix? Qual é o sentido disso? É difícil compreender. É só lobby das empresas de cartão de crédito? É disso que nós estamos falando? Isso não está claro para nós. A questão do desmatamento? O presidente Trump manifesta apoio e admiração ao ex-presidente Bolsonaro, que foi o maior responsável pelo aumento do desmatamento. Nós estamos revertendo o desmatamento. Este País vai ser penalizado? Qual é o sentido disso? Fica difícil entender”, disse o ministro em entrevista ao Estadão Broadcast.
Haddad não quis adiantar qual o impacto estimado pela Fazenda com o tarifaço. Na regulamentação da lei de Reciprocidade, o ministério ficou com a responsabilidade de projetar qual o efeito da adição de 50% de taxa aos produtos importados do Brasil. O prazo para a apresentação das estimativas é até 1º de agosto “Nós temos esse prazo que tem que ser usado com muita sabedoria. O presidente Lula não quer um arroubo, não é o estilo do presidente. Ele quer tratar com a seriedade devida. Do mesmo jeito que ele quer ser respeitado enquanto chefe de Estado, ele também respeita a soberania de outro país”, disse Haddad.
O ministro disse não considerar ainda a hipótese de que os 50% seja efetivamente aplicados aos produtos brasileiros no dia 1º de agosto. “Neste momento, eu nem trabalho com a hipótese de a gente não superar esse negócio, porque vai atrapalhar a economia deles”, disse o ministro.
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