A maioria dos brasileiros não acredita que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, seja capaz de reverter a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro à inelegibilidade. Segundo pesquisa Genial/Quaest publicada nesta segunda-feira, 28, apenas 31% dos eleitores acham que o apoio público do americano tem peso para salvar a carreira política do capitão e emplacá-lo como candidato nas eleições de 2026.

Segundo o levantamento, nem mesmo o eleitorado mais à direita acredita que o tarifaço de Donald Trump deve pressionar a Justiça a anular a inelegibilidade de Bolsonaro. Entre os entrevistados que se dizem direitistas, mas não bolsonaristas, 55% não veem influência da Casa Branca sobre o Judiciário brasileiro. A crença em uma salvação pelos EUA predomina apenas entre os apoiadores mais radicais do capitão, embora um terço deste segmento também não tenha esperança de uma reversão do cenário.

A entrada de Donald Trump no xadrez político brasileiro, supostamente articulada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), contribuiu para abrir ainda mais as rachaduras internas na direita brasileira. A ameaça do tarifaço de 50% contra importações brasileiras, que deve entrar em vigor já nesta semana, colocou contra a parede diversos aliados de Jair Bolsonaro — como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ratinho Júnior (PSD), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Romeu Zema (Novo) –, encurralados entre o desejado apoio do ex-presidente às suas campanhas presidenciais em 2026 e a pressão de um setor empresarial diretamente impactado pelas tarifas.
A ameaça americana à economia brasileira tem, inclusive, provocado trocas de farpas entre bolsonaristas e direitistas mais moderados. No domingo, 27, Eduardo Bolsonaro publicou uma série de críticas a Tarcísio e Ratinho por falta de apoio ao pai em discursos sobre o tarifaço. No dia anterior, o governador paranaense chegou a declarar abertamente que “Bolsonaro não é mais importante do que a relação do Brasil com os Estados Unidos”.
A Quaest entrevistou 2.004 eleitores brasileiros acima de 16 anos, em todas as regiões do Brasil, entre os dias 10 e 13 de julho de 2025. O grau de confiança do levantamento é de 95% e a margem de erro é estimada em 2 pontos percentuais (pp) para mais ou para menos.