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Navio de guerra dos EUA chega em Trinidad e Tobago, próximo à Venezuela

Um navio de guerra dos Estados Unidos chegou neste domingo, 26, a Trinidad e Tobago, pequeno arquipélago localizado em frente à costa da Venezuela, em um momento em que o presidente Donald Trump intensifica a pressão sobre o governo de Nicolás Maduro.

O destróier USS Gravely foi avistado na manhã de domingo nas águas de Port of Spain, capital do país, acompanhado por uma unidade de fuzileiros navais, segundo a agência de notícias AFP. A embarcação atracou no porto da cidade, onde deve permanecer até quinta-feira, conforme informou o governo local.

A movimentação ocorre em meio à crescente tensão entre Washington e Caracas, que se intensificou desde agosto, quando o governo americano anunciou o envio de navios e aeronaves militares para o sul do Caribe. Desde então, os EUA vêm reunindo uma força composta por navios de guerra, caças, bombardeiros, fuzileiros navais, drones e aviões espiões na região. O próprio Trump chegou a admitir ter autorizado operações secretas da CIA no país vizinho.

A presença militar norte-americana tem sido justificada pela Casa Branca como parte de uma ofensiva contra o narcotráfico. Desde agosto, Washington afirma ter conduzido ataques aéreos contra embarcações de supostos traficantes, resultando, segundo dados oficiais, em 43 mortos em dez bombardeios realizados em águas internacionais do Caribe e do Pacífico.

O governo americano também anunciou a intenção de enviar à região o porta-aviões Gerald R. Ford, o maior do mundo, o que representa um novo salto na escala de poderio militar na área.

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Em Caracas, o líder venezuelano reagiu com críticas, chamando a movimentação de “tentativa de inventar uma nova guerra”. O presidente venezuelano nega as acusações de Washington de que estaria à frente de redes de tráfico de drogas e afirma que os Estados Unidos usam o tema como pretexto para uma mudança de regime e para se apropriar das reservas de petróleo da Venezuela.

Repercussão local

Em Trinidad e Tobago, a chegada do destróier dividiu opiniões. Parte da população vê a presença americana como um reforço de segurança regional. “Há um bom motivo para trazerem o navio de guerra. É para ajudar a limpar os problemas de drogas que há no território venezuelano”, afirmou Lisa, moradora de 52 anos, à AFP. “É por uma boa causa, muita gente será libertada da opressão e do crime”, acrescentou.

Outros, no entanto, temem que a aproximação militar transforme o país em palco de disputas. “Se acontecer algo entre Venezuela e Estados Unidos, podemos acabar levando golpes”, disse Daniel Holder, 64 anos. “As pessoas não percebem o quão sério é isso agora, mas coisas podem acontecer aqui.”

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Além das tensões políticas e militares, a legalidade das operações norte-americanas tem sido questionada. Famílias trinitárias afirmam que dois cidadãos locais morreram em bombardeios realizados em outubro, mas as autoridades não confirmaram as mortes. “Não precisamos de todos esses assassinatos e bombardeios, só precisamos de paz… e de Deus”, disse Rhonda Williams, recepcionista de 38 anos.

Para Ali Ascanio, venezuelano que vive há oito anos no arquipélago, a chegada do destróier “é alarmante, porque sabemos que é um sinal de guerra”. Ainda assim, ele acredita que a pressão pode acelerar a saída de Maduro do poder.

Lula diz que pode servir como interlocutor

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou neste domingo, 26, disposição para atuar como interlocutor no diálogo entre EUA e Venezuela. A proposta surgiu durante uma reunião com o presidente americano Donald Trump, à margem da Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Kuala Lumpur.

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Dois dias antes do encontro, na sexta-feira, 24, Lula já havia criticado ações militares realizadas sob o argumento de combate ao narcotráfico. O presidente brasileiro declarou que “não concorda com ataques e invasões a outros países sob qualquer pretexto”, defendendo que a cooperação internacional deve se dar por meios institucionais.

“Se o mundo virar uma terra sem lei, vai ficar muito difícil”, afirmou Lula, ao sugerir que os EUA busquem cooperação direta com as polícias e os Ministérios da Justiça de outras nações em vez de recorrer a operações militares.

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