counter ‘Não há dúvidas sobre quem vence’: a disputa entre EUA e China por terras raras – Forsething

‘Não há dúvidas sobre quem vence’: a disputa entre EUA e China por terras raras

A disputa entre China e Estados Unidos pelo controle das terras raras — minerais essenciais para a produção de tecnologias de ponta — continua desequilibrada. E quem vence, por enquanto, é Pequim.

É o que afirma o professor Marcus Vinícius de Freitas, especialista em relações internacionais e professor da Universidade de Relações Exteriores da China, em entrevista ao programa Mercado, do site de VEJA, apresentado por Diogo Schelp.

“Não há dúvida de que a China está ganhando. Ela controla não só a extração, mas principalmente o refino — e esse é o ponto central da cadeia produtiva”, disse o professor.

Dependência tecnológica dos EUA

Segundo Freitas, mesmo que o governo norte-americano tente diversificar fornecedores, qualquer alternativa levará décadas.

“Os Estados Unidos precisariam desenvolver métodos próprios de mineração e refino, o que levaria de 20 a 30 anos. Enquanto isso, continuarão dependentes da tecnologia chinesa”, explicou.

Continua após a publicidade

O especialista lembrou que Pequim domina o processo completo de produção, do minério ao material refinado usado em baterias, semicondutores, turbinas e equipamentos militares. E, mais do que isso, monitora para onde cada grama exportada é destinada.

“A China não baniu as exportações, mas impôs licenças para saber quem está comprando, quanto compra e para que finalidade. É um poder estratégico imenso”, observou.

Impactos militares e tecnológicos

Freitas destacou que o controle chinês afeta diretamente setores críticos do Ocidente, como a produção de veículos elétricos, chips e armamentos.

Continua após a publicidade

“Os Estados Unidos enfrentam escassez de munições e dificuldades na reposição de equipamentos militares. A dependência de insumos chineses limita a capacidade de reação e inovação”, avaliou.

O papel do Brasil

Questionado sobre a inserção brasileira nesse tabuleiro, o professor afirmou que o país é observado com atenção pelos dois gigantes — especialmente após o presidente americano Donald Trump demonstrar interesse em acordos de exploração de terras raras brasileiras em troca da redução de tarifas comerciais.

“O Brasil tem reservas expressivas, mas há questões ambientais e tecnológicas importantes. A extração causa impacto significativo, e ainda seria preciso comprar tecnologia chinesa para refinar o material”, disse.

Continua após a publicidade

O “petróleo do século XXI”

Para o especialista, o cenário atual repete a lógica do choque do petróleo de 1973, quando os países árabes perceberam o poder de controlar a oferta.

“A China entendeu que, assim como o petróleo naquele período, as terras raras são o novo eixo de poder global. Ela usa isso como instrumento de pressão diplomática e vantagem comercial sobre Washington”, concluiu De Freitas.

Publicidade

About admin