O presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi, defendeu que o debate sobre segurança pública precisa “sair do palanque” e ser tratado como prioridade de Estado. Em entrevista ao programa Amarelas On Air, de VEJA, o parlamentar afirmou que o Congresso tem a obrigação de responder ao aumento da criminalidade com medidas concretas — e não com disputas políticas.
“Não tem espaço para passar pano para bandido. Isso une a nação: não é direita, não é esquerda. A população quer respostas e o Estado precisa garantir segurança”, disse o emedebista.
Rossi avaliou que a recente megaoperação no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos, expôs tanto a gravidade do problema quanto a urgência de uma ação coordenada entre os poderes. Ele reconheceu que há necessidade de força no enfrentamento, mas pediu que a discussão sobre o tema seja técnica, ouvindo especialistas e as polícias.
“A Câmara e o Senado estão comprometidos em endurecer as penas e dar instrumentos às polícias. Mas esse debate não pode ser contaminado pela disputa eleitoral de 2026. Isso atrapalha a solução”, afirmou.
O parlamentar também saiu em defesa da escolha do deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP), que se licenciou do cargo secretário de Segurança Pública de São Paulo, como relator do projeto Antifacção, que pretende endurecer a legislação contra integrantes do crime organizado. A indicação feita pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, foi criticada por governistas. Rossi, no entanto, minimizou as divergências e disse que o critério foi técnico.
“O Derrite é policial, conhece o assunto. Ter alguém mais à direita relatando um projeto de um governo de esquerda pode até melhorar o texto. Quando se juntam visões diferentes, o resultado costuma ser melhor”, avaliou.
Ao comentar a atuação do governo federal, Rossi evitou críticas diretas ao presidente Lula, mas admitiu que a esquerda tem “fragilidade histórica” na condução do tema da segurança pública. Segundo ele, não há mais espaço para discursos condescendentes.
“As famílias estão amedrontadas. Não adianta fazer o discurso do coitadinho. É hora de energia, leis duras, inteligência e tecnologia”, defendeu.
O líder do MDB também fez um apelo para que o tema não se torne um instrumento eleitoral. “A eleição é só no ano que vem. Agora é hora de dar respostas à sociedade. Se não, o país pode entrar num verdadeiro caos.”