A Ucrânia lançou nesta terça-feira, 11, o Pavilhão Nacional na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém, no Pará. Com nome simbólico de “Cápsula do Tempo”, a iniciativa representa “a voz de uma nação ferida, mas inabalável”, como definiu o ministro da Economia, Meio Ambiente e Agricultura do país, Oleksii Soboliev, em participação por vídeo. A caminho de completar o quarto ano de conflito com a Rússia, Kiev quer mostrar a relação entre guerra e clima durante o evento no Brasil.
“Nosso pavilhão reflete o impacto da agressão russa. Mesmo nestes tempos sombrios, a Ucrânia continua sendo um parceiro confiável nos esforços globais para combater as mudanças climáticas”, continuou Soboliev. “Estamos no caminho da neutralidade climática e continuamos a cumprir todas as nossas obrigações internacionais. Alinhamos nossa política climática aos mais altos padrões da União Europeia, porque nosso caminho europeu é irreversível.”
A inauguração foi prestigiada por autoridades internacionais. Entre eles, estavam Ville Tavio, ministro do Comércio Exterior e Desenvolvimento da Finlândia; Ciyun Zou, diretora-geral adjunta da Diretoria de Cooperação Técnica e Desenvolvimento Industrial Sustentável da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO, na sigla em inglês); e Oleg Vlasenko, encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil.
Ao longo da Conferência das Partes, a delegação ucraniana participará de várias reuniões bilaterais com representantes de países. Mais de 35 eventos e debates serão realizados no Pavilhão da Ucrânia, com enfoque na “abordagem da Ucrânia para a recuperação verde, resiliência climática, cooperação internacional, energias renováveis, finanças sustentáveis e o papel das comunidades, mulheres e jovens na reconstrução”, informou o portal da Ucrânia na COP30.
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Vítima silenciosa da guerra
O pavilhão procura incentivar que os visitantes reflitam sobre o impacto do conflito na natureza ucraniana, uma vítima silenciosa, além de mostrar como o país tem enfrentado as adversidades. Um dos protagonistas da instalação é o projeto digital Ventos da Liberdade, no qual os participantes do maior evento climático da ONU poderão explorar as florestas da Ucrânia e o desenvolvimento da energia eólica.
“A exposição explora temas de importância global, incluindo segurança alimentar, políticas climáticas em tempos de guerra, biodiversidade, independência energética e recuperação verde. Em meio à atenção global voltada para as florestas tropicais, a Ucrânia apresenta seu próprio exemplo — um país que restaura seus ecossistemas mesmo durante a guerra, tratando a natureza como a base para a reconstrução”, disse o site da delegação ucraniana na COP30.
“A Floresta Serebriansky, destruída pela guerra, os campos devastados e um ninho de pássaro feito com cabo de fibra óptica servem como lembretes das feridas infligidas pelo conflito. Em contraste, histórias de energia renovável e projetos liderados pela comunidade destacam as conquistas da Ucrânia na recuperação”, acrescentou.
Um relatório da União Europeia (UE), divulgado em abril, alertou que produtos químicos de munições e outros poluentes “provavelmente terão consequências a longo prazo para a saúde humana e a biodiversidade dos ecossistemas, particularmente nos mares Negro e de Azov”. Granadas, minas e outros tipos de explosivos, por exemplo, liberam amianto no meio ambiente. Mesmo a munição usada pelos soldados, tanto russos quanto ucranianos, contém substâncias tóxicas.
Além disso, refinarias de petróleo foram bombardeadas durante a guerra, fazendo produtos químicos vazarem e permearem o solo e os sistemas hídricos. As substâncias tóxicas também podem ser carregadas pelo vento – especialmente as provenientes de explosivos – e espalhadas pela chuva, contaminando corpos de água até na superfície.