O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que a CPI do Crime Organizado tem potencial para produzir resultados concretos, desde que não se transforme em “palanque político”. Em entrevista ao programa Ponto de Vista, apresentado por Marcela Rahal, o parlamentar disse que a comissão deve focar na apuração da estrutura financeira e das conexões internacionais das facções, além de investigar a infiltração do crime na política e nas forças policiais.
“Essa investigação, pelos eixos colocados no plano de trabalho, vai buscar deslindar a atuação dessas organizações, o financiamento, as conexões internacionais e a infiltração nas instituições públicas”, afirmou Mourão. “São temas complexos, mas extremamente objetivos, que podem permitir que o relatório final oriente novas legislações e ações do Executivo em todos os níveis.”
“Não é uma CPI de ocasião”
O senador destacou que o pedido de criação da CPI, apresentado em junho pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), não foi motivado apenas pela repercussão da recente megaoperação no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos. “A proposta foi lida há cinco meses, e desde então o senador Alessandro Vieira tem se dedicado ao tema. Não é algo do momento”, disse.
Para Mourão, a demora na instalação da comissão não deve comprometer os trabalhos. “O importante é que agora ela tem um escopo claro e condições de avançar”, afirmou.
Elogio a Contarato
Questionado sobre o fato de o senador Fabiano Contarato (PT-ES) presidir a comissão, Mourão afirmou que não vê problema no comando da CPI por um parlamentar do PT, apesar de parte da oposição demonstrar reservas.
“A oposição tem alguma preocupação, mas eu, particularmente, não vejo motivo para isso. Tenho acompanhado o trabalho do senador Contarato e vejo que, em muitos casos, ele tem uma visão muito similar à nossa”, disse.
Mourão lembrou que ambos já atuaram juntos na Comissão de Segurança Pública e citou um exemplo recente de cooperação: “Ele foi autor de um projeto para aumentar o tempo de internação de menores infratores, relatado pelo senador Flávio Bolsonaro. Isso mostra que ele está disposto a enfrentar o problema da criminalidade com seriedade.”
Foco em resultados
O parlamentar ressaltou que a CPI deve apresentar propostas práticas, e não apenas diagnósticos. “O Brasil vive um problema de segurança pública que transcende governos. O objetivo tem que ser identificar falhas, propor soluções e devolver ao Estado o controle sobre o território e as instituições”, afirmou Mourão.
Para ele, o sucesso da CPI dependerá da cooperação entre diferentes partidos e perfis políticos. “Se o foco for o interesse público e não o embate ideológico, ela poderá prestar um grande serviço ao país.”