A jornalista Adriana Catarina Ramos de Oliveira, que foi presa no último sábado, 14, por injúria racial em caso de homofobia vai responder a um novo inquérito policial — também por homofobia —, após ter xingado mais três homens homossexuais, identificados como Danilo, Gustavo e Matteus, na segunda-feira, 16, um dia após ser solta. Ela foi filmada nas duas ocasiões, e os vídeos viralizaram nas redes sociais (veja abaixo).
“Põe na internet, boiola depilada. Dá o c*, boiola”, grita ela para a câmera de um dos homens, dentro de um elevador de um condomínio na avenida Angélica, na região central de São Paulo. Os homens que filmam a situação, revidam os xingamentos, chamando-a de lixo e lembrando que ela acabou de sair da prisão, respondendo por homofobia. “Você devia ter vergonha. Uma mulher dessa idade com esse tipo de coisa. Isso é vergonhoso. Olha o lixo que foi preso e não aprendeu. Lixo de ser humano. Nem dá para dizer que isso é um ser humano”, comenta um deles.
Após a situação, a Polícia Militar foi acionada para atender a ocorrência e constatou que houve uma discussão entre uma mulher e três homens, que relataram terem sido vítimas de homofobia. Adriana foi conduzida ao 14º Distrito Policial, no Paraíso, onde foi ouvida e liberada, já que as vítimas não estavam no local para formalizar o flagrante, como determina a legislação. Os três homens chegaram à delegacia posteriormente e optaram por fazer o registro do caso pela delegacia eletrônica.
O novo inquérito policial ainda não foi relatado ao Ministério Público, segundo a instituição. O MP é responsável por decidir se vai denunciar novamente ou não a mulher. O Tribunal de Justiça de São Paulo informou nesta quinta-feira, 19, que, até o momento, ainda não consta nenhum novo registro no nome dela e não há atualização nos autos referentes à primeira prisão.
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e a vereadora Amanda Paschoal, do mesmo partido, se pronunciaram sobre o caso, afirmando que encaminharam uma queixa-crime ao MP
Vídeo da segunda agressão:
Isso aqui só está acontecendo novamente em tão pouco tempo porque essa mocrei4 homofóbic4 tem certeza que está segura e confia plenamente na impunidade pq a criminalização da homofobia até hoje não foi levada a sério nesse país, o que não me surpreende visto que vivem impondo,… pic.twitter.com/aPerrBaHYz
— Dan Pimpão (@DanPimpao) June 17, 2025
Primeiro caso
Adriana foi presa em flagrante no último sábado, 14, após xingar um homem de “bicha nojenta” no Shopping Iguatemi, na zona oeste de São Paulo, e ser filmada durante o ato homofóbico. O caso ganhou repercussão após federal Erika Hilton divulgar as imagens do primeiro caso de homofobia.
“Após ter sido presa em flagrante por injúria, e não homofobia, Adriana Catarina Ramos de Oliveira, que fez ataques homofóbicos contra um homem no Shopping Iguatemi neste sábado, foi liberada pela Justiça. Por isso, eu e a [vereadora] Amanda Paschoal estamos acionando o Ministério Público para cobrar informações do que a Promotoria responsável fará sobre o caso”, escreveu a parlamentar na rede social X na segunda, antes dos novos vídeos viralizarem.
Vídeo da primeira agressão:
Adriana Catarina Ramos em três atos:
1) faz um ataque homofóbico no shopping
2) na delegacia se faz de coitada
3) depois de solta faz novo ataque homofóbico
Homofobia não é piada, é crime e a impunidade alimenta isso pic.twitter.com/bvXn1nTvJ4— Distopia Brazil (@DistopiaBrazil) June 17, 2025
O crime de injúria racial foi equiparado ao de racismo em janeiro de 2023. Ou seja, a injúria racial, que antes tinha pena mais branda, agora é considerada um crime com a mesma gravidade do racismo, podendo chegar a cinco anos de prisão.
Desde 2019, o Supremo Tribunal Federal enquadrou os crimes de homofobia e transfobia como crimes de racismo ao reconhecer omissão legislativa no seguimento.