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Mulher morre após aplicação de enzimas e Mounjaro em clínica no litoral de SP

Uma mulher de 40 anos, identificada como Luana dos Santos Anastácio, morreu três dias após receber uma aplicação de enzimas em uma clínica de estética no Guarujá, município no litoral de São Paulo. Segundo o marido, Mizael Souza Anastácio, que fez a denúncia, ela também usou o medicamento Tirzepatida (Mounjaro) e sofreu uma hemorragia no estômago. A clínica onde ela fez o procedimento afirma, em nota, que é “prematura qualquer correlação do óbito com os serviços prestados”. A polícia investiga o caso.

De acordo com o marido, Luana procurou a clínica para fazer um tratamento de emagrecimento. Comprou seis doses de Tirzepatida (Mounjaro) por R$ 1,3 mil reais, valor abaixo do praticado em farmácias, onde uma caixa com quatro doses pode custar até R$ 2,5 mil. Após receber as três primeiras doses, Luana teria sido informada que o medicamento havia acabado. A clínica teria oferecido as enzimas, aplicadas como “brinde”. 

Ainda segundo o relato do marido, Luana não teve nenhuma reação após usar Tirzepatida. Os efeitos colaterais começaram depois do uso das enzimas, aplicadas por uma biomédica. Luana foi levada ao hospital, onde foi internada na UTI, mas a equipe médica não conseguiu reverter o quadro.

Em nota divulgada à imprensa, a clínica Emagrecentro, onde Luana foi atendida, afirma que segue todas as normas da vigilância sanitária e que só faz tratamentos que tenham sido validados pela Anvisa. 

“No caso da Sra. Luana, respeitamos o sigilo de saúde em respeito à pessoa, contudo podemos esclarecer que todos os medicamentos utilizados estavam em condições de qualidade, foram prescritos por profissionais habilitados, possuem adequação e recomendação terapêutica para o grau de obesidade da paciente, e não havia qualquer contraindicação em anamnese. Pelas informações até o momento, a causa do falecimento da cliente não tem relação alguma com o tratamento da obesidade. Sem qualquer informação que indique nexo de causalidade, é prematura qualquer correlação do óbito com os serviços prestados”, diz um trecho do comunicado.

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O caso foi registrado como morte suspeita na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Santos e é investigado pela Delegacia Sede de Guarujá, que aguarda os laudos do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico Legal (IML).

A Anvisa tem alertado sobre os riscos envolvendo remédios para emagrecimento manipulados. No final de agosto, publicou uma nota técnica em que proíbe a manipulação da semaglutida e libera sua importação apenas pelo fabricante, a Novo Nordisk, por se tratar de medicação biológica de alta complexidade. A tirzepatida, contudo, ficou de fora da proibição. Médicos defendem o mesmo rigor para a substância que tem ganhando mais destaque nos últimos tempos.

“O uso de medicamentos manipulados, como está sendo feito indiscriminadamente no Brasil, é uma roleta-russa sanitária, pois simplesmente não sabemos o que está sendo aplicado na pessoa”, afirma Carlos Eduardo Barra Couri, endocrinologista e pesquisador da USP de Ribeirão Preto. De acordo com o especialista, o consumidor que busca um mercado paralelo para essas substâncias corre sérios riscos. “Independente do sistema de fiscalização do Brasil, é fundamental o consumidor, o paciente, ter consciência disso e não se expor a esse tipo de situação”, completa.

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