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Muito ou muinto? Entenda por que a gente fala diferente do que escreve

Fala, pessoas!

Você já percebeu que, quando dizemos a palavra “muito”, ela soa como “muin-to”, com um “n” fantasma ali no meio? Calma, você não está falando errado. Isso tem nome, explicação e até poesia no meio da história. Bora entender?

A fala vem primeiro

Antes de mais nada, vale lembrar: a fala vem antes da escrita. A gente aprende a falar de forma natural, ainda criança, já a escrita, só com treino e estudo, geralmente na escola. Por isso, nem sempre a escrita consegue acompanhar todas as mudanças da fala. A língua falada é viva, dinâmica, está sempre mudando. Já a escrita é mais lenta, mais resistente a mudanças: é como se fosse a parte mais conservadora da língua.

Quer ver um exemplo? Pergunta pra uma criança como se escreve “caderno”. Algumas podem escrever “cadérnu”, porque é assim que elas ouvem. E olha… tá errado? Não tá não. É só a fala delas influenciando a escrita.

O tal do “n” fantasma

Agora voltamos à palavra “muito”. Por que a gente fala “muin-to” se não tem um “n” ali?

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Isso acontece por causa de um fenômeno chamado assimilação. É quando um som influencia outro som que vem antes ou depois. Isso acontece porque é mais fácil, para a boca e para a respiração, fazer sons parecidos de forma próxima. O som nasal “escapa” e se mistura na fala.

Isso sempre foi assim?

Na verdade… não! A pronúncia “muin-to”, com esse “n” que parece surgir no meio, é fruto da evolução natural da fala. Antigamente, como mostra Sérgio Rodrigues no livro Viva a Língua Brasileira, “muito” era pronunciado sem nasalidade. Prova disso está na literatura: no século XVI, Camões usou “muito” rimando com “fruito”, “intuito” e “enxuito”, ou seja, sem “n” escondido. Com o tempo, a fala foi se adaptando, ficou mais prática e o “n” surgiu na pronúncia, mas a escrita permaneceu a mesma de antes.

Mas se a gente fala diferente, por que não muda a escrita?

Boa pergunta! Mas aqui vai a real: a escrita demora mais pra mudar. Pra alterar a ortografia de uma palavra, é preciso um monte de regras, estudos, decisões oficiais. Já a fala muda no boca a boca, no dia a dia, sem pedir permissão pra ninguém.

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A gente poderia muito bem escrever “muinto” e todo mundo entenderia. Mas, por enquanto, a escrita oficial continua sendo “muito”, mesmo que a gente fale diferente.

Conclusão

A língua é viva. Falar diferente do que se escreve não é erro, é natural. E entender isso ajuda você a ter mais consciência da língua que usa todos os dias, seja na hora de fazer uma redação, mandar um áudio, ou se preparar pro ENEM.

Se curtiu essa explicação, compartilhe com aquela pessoa que vive se enrolando com o português! E lembre-se: toda terça e quinta tem coluna nova por aqui.

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Até a próxima! Professor Noslen Borges www.professornoslen.com.br

Revisão textual: Prof.ª Ma. Glaucia Dissenha

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