Com o parecer opinativo do corregedor Diego Coronel em mãos, o presidente da Câmara, Hugo Motta, até poderia ter usado do poder de sua caneta para estabelecer penas mais duras aos parlamentares bolsonaristas que protagonizaram um motim no plenário da Casa em agosto e atrapalharam a retomada dos trabalhos após o recesso parlamentar.
Apesar disso, o paraibano e os demais integrantes da Mesa Diretora optaram por apenas validar as recomendações dadas pelo titular da Corregedoria e repassa-las para apreciação do Conselho de Ética.
Coronel sugeriu suspensão dos mandatos de Marcos Pollon, por até 120 dias, e de Marcel van Hattem e Zé Trovão, por 30 dias. Eles e os outros participantes da rebelião também receberiam censura escrita, de acordo com parecer do corregedor, acatado pela Mesa.
De acordo com o regimento, as sugestões do corregedor compõem um parecer opinativo, que pode servir como base para decisões da Mesa, mas não precisa ser abraçado integralmente pela direção da Casa.
Ao decidir aderir ao parecer do corregedor, a Mesa Diretora abre mão de sua prerrogativa de definir punições e prefere terceirizar responsabilidades simplesmente para não entrar em conflito com a ala bolsonarista da Câmara.
Com exceção de Pollon, as punições são consideradas muito leves por técnicos ouvidos pelo Radar. Isso pode abrir um precedente perigoso para futuros motins.