A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou nesta terça-feira, 19, que o número de trabalhadores humanitários mortos em conflitos armados atingiu um recorde no último ano. Em 2024, foram registrados 383 óbitos, quase metade deles na Faixa de Gaza e em territórios palestinos ocupados — o maior desde o início da contagem, em 1997.
Para o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, o avanço dessa violência representa “uma vergonhosa denúncia da falta de ação e apatia internacionais”.
O crescimento foi de 31% em relação a 2023. Ainda segundo as Nações Unidas, grupos estatais foram os principais responsáveis pelos ataques. A maioria dos funcionários locais morreu em serviço ou já em casa, após o expediente.
Além dos mortos, 308 trabalhadores humanitários ficaram feridos, 125 foram sequestrados e 45 detidos no ano passado.
O quadro não melhorou em 2025. Dados preliminares mostram que, até agora, 265 profissionais perderam a vida em missões de ajuda. A maior parte, 173 mortes, ocorreu em Gaza, em meio à ofensiva israelense contra o Hamas, que já se arrasta há quase dois anos. Outros episódios fatais foram registrados no Sudão, onde 60 perderam a vida, e na Ucrânia, com três vítimas.
Em março, um ataque israelense matou 15 socorristas em três incidentes distintos, provocando condenação internacional. O Exército de Israel reconheceu falhas “operacionais” e anunciou a demissão de um comandante, mas classificou os episódios como um “mal-entendido” em campo.
Segundo especialistas, trabalhadores humanitários deveriam estar protegidos pelo direito internacional, mas raramente os responsáveis são levados a julgamento. Para a ONU, a escalada é “catastrófica” e evidencia a ausência de responsabilização em meio à intensificação dos conflitos.