As manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas forçaram uma mudança de rota no Congresso, geraram atritos entre os presidentes da Câmara e do Senado e, em meio à tensão diante da inesperada pressão popular, também houve espaço para piadas com o objetivo de desanuviar o ambiente.
Uma delas aconteceu numa roda de conversas entre parlamentares e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). O deputado foi um dos principais alvos do protesto do último dia 21 contra a PEC da Blindagem e a anistia aos condenados pelos atos golpistas. Os gritos de “Fora, Hugo Motta” foram entoados em diversas cidades – e inclusive no reduto político do paraibano, que se sagrou como o mais votado do estado nas eleições de 2022.
“Até brincaram com o Hugo, dizendo que o Alexandre de Moraes tinha de agradecer a ele, porque era a primeira vez que o ministro não aparecia nas manifestações. Estava todo mundo rindo disso”, contou um parlamentar. Segundo consta, Motta levou a piada numa boa.
As manifestações contra a agenda do Congresso representaram um reposicionamento do engajamento da militância de esquerda. Desde o início do governo Lula, os principais atos haviam sido organizados pela direita e por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nesses eventos, Moraes, que é o relator do processo da trama golpista, costuma ser alvo de xingamentos e de pressões para que deixe a cadeira de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Em meio aos ataques, o magistrado vive sob um rígido esquema de segurança.
Após entrar na mira das manifestações, Motta decidiu virar a página e, na última semana, priorizou uma agenda positiva. Na quarta-feira, 24, ele pautou a medida provisória que prevê a diminuição da fila de espera para atendimentos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS). Para a próxima semana, a Câmara planeja a votação do projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5.000 reais.