Uma ilha abandonada na parte sul de Veneza, na Itália, deve se transformar em um “paraíso” para os moradores locais. Após ser colocada a leilão, a Ilha de Poveglia foi arrendada por um grupo de venezianos, que pretendem dar uma nova identidade a um local conhecido como assombrado, segundo reportagem da CNN.
O grupo Poveglia per Tutti (Poveglia para todos) deve tomar posse da ilha no dia 1º de agosto. O contrato de arrendamento firmado junto ao governo italiano é de 99 anos, tempo em que os moradores pretendem transformar o local em um parque urbano reservado aos residentes de Veneza.
A iniciativa surgiu a partir da indignação da veneziana Patrizia Veclani ao vislumbrar a possibilidade da ilha ser vendida a um comprador privado. “Não foi apenas indignação, foi psicologicamente traumático perceber que a cidade poderia ser dividida e vendida pelo lance mais alto”, declarou Veclani em um fórum público, antes de saber de sua vitória.
Em entrevista à emissora americana CNN, Veclani afirmou que o grupo enxerga essa como uma “pequena vitória” na luta de Veneza contra o excesso de turismo. “Manter esse pequeno espaço apenas para os venezianos é uma vitória”, disse.
Capital da província de Vêneto, no norte da Itália, Veneza vem tendo problemas com o excesso de turismo. Menos de 50 mil pessoas moram no local, um número minúsculo quando comparado aos 30 milhões de visitantes que passam por lá. As autoridades tem tomado medidas para diminuir o número de turistas, estabelecendo taxas de 5 euros para excursionistas e proibindo navios de cruzeiro.
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Com mais de 4.500 membros, o grupo arrecadou 460 mil euros para garantir o arrendamento. Para conseguir a “posse” da ilha, os moradores tiveram que enfrentar a concorrência do setor imobiliário.
Poveglia foi colocada a leilão em 2014, pela Agência Estatal de Propriedade Italiana. O objetivo era atrair grupos tentados pela localização da ilha, que apesar da tranquilidade, fica convenientemente a cinco quilômetros da Praça de São Marcos.
Diferentes consórcios apresentaram propostas para adquirir o local. Até mesmo um grupo ligado ao atual prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro, conseguiu arrecadar 513.000 euros para fazer a compra, mas não obteve aprovação do estado.