O presidente da Argentina, Javier Milei, foi retirado às pressas de uma carreata nesta quarta-feira, 27, em Lomas de Zamora, na província de Buenos Aires, após um ataque com pedras e garrafas, segundo a imprensa argentina.
O presidente estava acompanhado do deputado José Luis Espert e de sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei. Assim que a confusão começou, Milei foi retirado da caçamba de uma caminhonete e levado para um carro fechado.
INSULTAN Y ATACAN A MILEI
“Lo están atacando, le están tirando piedras”
Luego de tres minutos de recorrido de campaña, #JavierMilei tuvo que huir de #LomasDeZamora por ataques de la gente en medio del escándalo por las #coimas.#Milei #ANDIS pic.twitter.com/IbRabU0VcP
— 𝙈𝙖𝙧𝙞𝙤 𝙈𝙤𝙧𝙖𝙮 (@Mario_Moray) August 27, 2025
O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, confirmou que não houve vítimas e culpou “ativistas da velha política” e do “kirchnerismo puro”, movimento ligado à ex-presidente Cristina Kirchner.
Segundo o jornal argentino Clarín, houve confusão entre apoiadores de Milei e opositores.
O caso se dá em momento tenso para Milei na Argentina. Enquanto o presidente navega por suas controversas medidas para enxugar a máquina pública com sucesso moderado e seu partido, o Liberdade Avança, desponta como favorito nas eleições legislativas de outubro, um escândalo contaminou o governo na última semana. As investigações estão em seus estágios iniciais, mas acusações, que envolvem propina e corrupção, são graves por implicarem diretamente Karina Milei.
O epicentro da denúncia é a Agência Nacional para a Deficiência (Andis), que foi chefiada por Diego Spagnuolo até poucos dias atrás, quando foi destituído em meio à polêmica. Agentes privados também foram acusados de supostamente abocanhar grande parte do mercado de medicamentos em troca de pagamentos a funcionários do governo.
O gatilho foi o vazamento de gravações de áudio nas quais uma voz, atribuída a Spagnuolo, detalha um suposto sistema de retorno de 8% sobre a compra de medicamentos. As gravações apontam Eduardo “Lule” Menem, assessor presidencial, como o suposto organizador do esquema e mencionam Karina Milei como a suposta destinatária de 3% das propinas. A resposta do governo foi exonerar Spagnuolo “preventivamente”, intervir na Andis por 180 dias e nomear um auditor, Alejandro Vilches.
Na esfera judicial, a investigação está sendo conduzida pelo promotor Franco Picardi, que ordenou 15 buscas e apreensão de US$ 266 mil (quase R$ 1,5 milhão) em poder do empresário Emmanuel Kovalivker, diretor da farmacêutica Suizo Argentina.
Em paralelo, o presidente sofreu um contratempo na semana passada, após o Senado rejeitar cinco decretos presidenciais que buscavam reduzir a estrutura estatal e aprovar a liberação de verbas para universidades nacionais, incluindo aumento salarial aos funcionários.
Tanto o Senado quanto a Câmara são controlados pela oposição, fazendo com que as medidas de austeridade fiscal promovidas pelo presidente encontrem dificuldades. Antes da sessão de quinta, Milei acusou a casa de ter sido “sequestrada pelo kirchnerismo” e “só responder aos próprios interesses” durante uma reunião com empresários. “Eles nos lembraram que têm apenas uma agenda legislativa, que é levar o Estado nacional à falência”, declarou o mandatário.