Pela primeira vez, o canal de notícias estatal iraniano IRINN mostrou nesta terça-feira, 17, o interior do seu complexo de estúdios, atingido por um ataque israelense na véspera. Uma forte explosão foi ouvida enquanto uma apresentadora fazia uma transmissão ao vivo, na qual criticava Israel. Portas e janelas foram estraçalhadas e partes do teto foram ao chão, enquanto a fachada aparece destruída, em tons de cinza, resultado direto do bombardeio.
As imagens também mostram equipamentos queimados, ao passo que a redação do IRINN, onde ficam os jornalistas, foi resumida a escombros. O número de mortos e feridos ainda não foi divulgado. O complexo de prédios da IRINN, parte da estatal Radiofusão da República Islâmica do Irã (IRIB), fica nos arredores do bairro de Vali-e Asr, um dos mais movimentados da capital iraniana.
Antes do ataque, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, havia dito que o “veículo de propaganda e incitação iraniana está a caminho do desaparecimento” e que “a retirada dos moradores próximos já começou”.
Ainda nesta segunda, 16, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Exército do país conquistou o “controle total” do espaço aéreo de Teerã e alertou os habitantes da capital iraniana para deixarem suas casas. Israel Katz prometeu que a cidade “vai arder” se mais mísseis forem disparados contra cidades israelenses. No entanto, a República Islâmica não deu sinais de arrefecimento, prometendo uma “resposta mais severa e poderosa” e ameaçando atacar navios e bases militares de aliados israelenses.
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Aumento das tensões
A escalada de tensões continuou nesta terça-feira, com o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), unidade militar do Irã criada como contrapeso às Forças Armadas tradicionais para defender o regime dos aiatolás, tendo afirmado que atacou o prédio da diretoria de inteligência militar de Israel e a sede do Mossad, agência de espionagem do país, em Tel Aviv.
“Esta manhã, as forças aeroespaciais do IRGC realizaram um ataque ao centro de inteligência militar do exército do regime sionista (Israel), Aman, e ao centro de planejamento de operações terroristas do regime sionista, Mossad, em Tel Aviv, apesar dos avançados sistemas de defesa de Israel, e este centro está agora em chamas”, informou a agência de notícias iraniana Tasnim, citando um comunicado da Guarda Revolucionária.
O Mossad foi fundamental para o ataque surpresa israelense na semana passada. De acordo com o Exército do país, espiões se infiltraram em território iraniano e possibilitaram ações direcionadas contra instalações nucleares e comandantes militares. Na segunda-feira 16, Teerã afirmou ter executado um homem acusado de ser membro do Mossad – ele foi preso há anos, mas a medida foi lida como uma mensagem.