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Metanol: ‘Problema brutal de fiscalização’, diz especialista em segurança pública

A crise causada pelo aumento de casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas é um reflexo do afrouxamento da fiscalização e da falta de controle na compra e venda desses produtos, segundo o ex-secretário Nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho, coronel reformado da Polícia Militar que se tornou uma referência em temas que envolvem segurança pública. Segundo o especialista, o problema que já causou ao menos oito mortes e 59 notificações de casos suspeitos e confirmados virou uma tarefa hercúlea pela quantidade de estabelecimentos que devem ser vistoriados, algo que se agrava pela necessidade de correr contra o tempo para conter os danos à saúde, pois a substância pode causar cegueira, falência de órgãos e até matar.

“Não é só investigar os casos. A preocupação é com a saúde pública, porque a bebida contaminada pode estar em dezenas de milhares pontos. A logística é desafiadora pela dimensão.”

Na avaliação de Silva Filho, a emissão de nota fiscal é um mecanismo importante para garantia dos produtos comprados e para controle dos estoques. Também falta mais rigidez nas exigências para os fornecedores, como apresentação de nome, CPF e comprovante de residência para o rastreamento, de acordo com o especialista. E, para arrematar essas medidas, um trabalho constante de fiscalização, algo que, na visão dele, não tem ocorrido.

“Temos um brutal problema de fiscalização, porque o Brasil é um país de fracos controles. Muitos estudos mostram que, quanto mais fraco for o controle, mais fraudes ocorrem. A vigilância tem de ser visível e as exigências devem ser intensificadas por comprovantes de tudo. O comprovante é fundamental”, afirma.

Lista de bares e investigações

Silva Filho, que também é consultor em segurança pública, diz que o grande enigma a ser decifrado é o mapa com todos os pontos com bebidas fraudadas, mas isso demanda tempo dedicado às investigações.

Há um clamor da população para conhecer a lista de bares e demais estabelecimentos relacionados aos episódios de intoxicação, assim como interessados pela celeridade das apurações com a divulgação dos suspeitos de envolvimento na adulteração. No entanto, a investigação geralmente não acompanha esse ritmo.

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Um inquérito policial tem prazo de 30 dias que pode ser prorrogado e toda uma rede precisa ser destrinchada para entendimento de como essas bebidas adulteradas com uma substância tão perigosa chegaram aos consumidores.

“O problema é maior do que prender as pessoas envolvidas nesse crime. Durante o processo de investigação, vão aparecendo listas de bares, fornecedores, pessoas suspeitas e a polícia não pode divulgar, porque pode ser fornecida por bandidos e não ser verdadeira. Também pode espantar os suspeitos”, explica. “A polícia não pode ter pressa nesses casos. É necessário chegar aos responsável pela fabricação e distribuição dessas bebidas e que eles digam onde as entregaram.”

Como identificar uma possível intoxicação por metanol

O metanol é um tipo de álcool usado na indústria e que não pode ser consumido por desencadear a produção de substâncias altamente tóxicas ao ser metabolizado no fígado, como formaldeído e ácido fórmico.

Elas atacam o sistema nervoso central, o nervo óptico e os rins, causando comprometimento neurológico, cegueira irreversível e insuficiência renal em casos mais graves. O quadro pode evoluir para choque e óbito.

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É fundamental ficar atento a sintomas como cólica, sonolência, tontura, náuseas, vômitos, confusão mental, taquicardia, visão turva, fotofobia e convulsões. 

A pessoa deve buscar socorro médico para receber o antídoto, um etanol usado em ambientes hospitalares, para cortar a metabolização do metanol.

Cuidados ao consumir bebidas alcoólicas

Em nota, o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) de São Paulo recomendou que bares, empresas e demais estabelecimentos “redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos”. Para a população, os cuidados são:

  • Adquira apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal
  • Evite opções de origem duvidosa e com preços muito abaixo do valor de mercado
  • Procure ajuda médica em caso de sintomas
  • Ligue para o Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001
  • Se precisar de orientação especializada, entre em contato com o CIATox da sua cidade
  • Entre em contato com o Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (0 xx 11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 – de qualquer lugar do país
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