O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira, 8, que o número de casos confirmados de intoxicação por metanol subiu para 24 e há 235 episódios em investigação. Os registros estão relacionados à crise que envolve bebidas adulteradas com a substância tóxica. De acordo com a pasta, 145 suspeitas foram descartadas.
Até o momento, os casos confirmados estão concentrados nos estados de São Paulo — que tem o maior número de registros –, Paraná e Rio Grande do Sul.
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo disse que foram registrados 201 casos de intoxicação por metanol, dos quais 20 são confirmados e sendo 181 estão em investigação. Em relação às mortes, disse que cinco foram confirmadas e seis estão em investigação, totalizando 11 registros. “Com relação aos casos descartados, o total é de 111”, disse, em nota. No Paraná, foram confirmados três casos e houve uma confirmação no Rio Grande do Sul.
Todas as mortes confirmadas, totalizando cinco, ocorreram em São Paulo. São investigados outros 11 óbitos nos estados do Mato Grosso do Sul (1), Pernambuco (3), São Paulo (6) e na Paraíba (1).
Antídoto para o metanol
O ministério deve receber nesta quinta-feira, 9, um lote com 2.500 unidades do antídoto fomepizol, indicado para casos de intoxicação por metanol. O medicamento, que não tem registro sanitário no Brasil, foi adquirido por meio do Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), de acordo com a pasta.
A entrega deve ocorrer no início da tarde na presença da secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, do diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle, e da coordenadora de Inovação, Acesso a Medicamentos e Tecnologias para a Saúde da Opas, Ileana Fleitas.
Segundo a pasta, o fomepizol é “destinado a reforçar o estoque estratégico do SUS para casos de intoxicação por metanol relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas”.
Como funciona o antídoto?
Em entrevista a VEJA, o professor do Departamento de Química da USP Ribeirão Preto e toxicologista Daniel Junqueira Dorta, informou que o fomepizol é mais eficaz do que o etanol farmacêutico utilizado no socorro das vítimas que está disponível no país.
“Ele é aplicado diretamente na corrente sanguínea na veia e vai inibir aquelas enzimas que fazem o processo de metabolização do metanol. Assim, fica só o etanol, que é menos tóxico.” Dorta explica que, para obter os melhores resultados da medicação, ela deve ser administrada assim que os sintomas se manifestarem. Logo, as pessoas não devem esperar o agravamento do quadro para buscar ajuda médica.
Uma nota técnica do ministério reforça a orientação para uso do etanol farmacêutico como antídoto efetivo para os casos de intoxicação e a meta do ministério é aumentar o estoque.
Como identificar uma possível intoxicação por metanol
O metanol é um tipo de álcool usado na indústria e que não pode ser consumido por desencadear a produção de substâncias altamente tóxicas ao ser metabolizado no fígado, como formaldeído e ácido fórmico.
Elas atacam o sistema nervoso central, o nervo óptico e os rins, causando comprometimento neurológico, cegueira irreversível e insuficiência renal em casos mais graves. O quadro pode evoluir para choque e óbito.
É fundamental ficar atento a sintomas como cólica, sonolência, tontura, náuseas, vômitos, confusão mental, taquicardia, visão turva, fotofobia e convulsões.
A pessoa deve buscar socorro médico para receber o antídoto, um etanol usado em ambientes hospitalares, para cortar a metabolização do metanol.

Cuidados ao consumir bebidas alcoólicas
Em nota, o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) de São Paulo recomendou que bares, empresas e demais estabelecimentos “redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos”. Para a população, os cuidados são:
- Adquira apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal
- Evite opções de origem duvidosa e com preços muito abaixo do valor de mercado
- Procure ajuda médica em caso de sintomas
- Ligue para o Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001
- Se precisar de orientação especializada, entre em contato com o CIATox da sua cidade
- Entre em contato com o Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (0 xx 11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 – de qualquer lugar do país