O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 14, pelo Banco Central trouxe pequenos ajustes discretos nas projeções do mercado para a economia brasileira. A estimativa para o dólar ao fim de 2025 recuou de R$ 5,70 para R$ 5,65, enquanto a projeção para 2026 caiu de R$ 5,75 para R$ 5,70. Para 2027, a expectativa passou de R$ 5,75 para R$ 5,71.
No lado da inflação, a previsão para o IPCA de 2025 cedeu levemente de 5,18% para 5,17%. OA estimativa segue furando o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) que é de 3%, com limite de tolerância até 4,5%. A expectativa dos agentes financeiros é que a inflação recue para os limtes da meta no ano que vem. Para 2026, a mediana segue em 4,50%, e para 2027, em 4,00%.
Por conta do sistema de meta contínua, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, enviou a carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando motivos do estouro da meta, com a divulgação do IPCA, na semana passada. Galípolo confirmou a expectativa dos agentes do mercado de que a inflação voltará para menos de 4,5% apenas em 2026. A análise de economistas indica que o resultado de junho da inflação oficial do país confirma cenário de juros altos por mais tempo, ainda que mostre sinais de melhora qualitativa dos indicadores.
As projeções para a taxa Selic no Focus desta semana não foram alteradas: 15% ao ano em 2025, 12,50% em 2026 e 10,50% em 2027. Já no crescimento do PIB, o mercado manteve a estimativa de alta de 2,23% em 2025, mas elevou ligeiramente a previsão para 2026, de 1,86% para 1,89%. Para 2027, a projeção permanece em crescimento de 2%. Na sexta-feira passada, o governo divulgou o Boletim Macrofiscal em que prevê que o PIB avance 2,5% , ante 2,4% da projeção anterior.
A revisão para cima não leva em conta ainda efeitos do tarifaço de Donald Trump, que promete tarifas de 50% aos produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, mas, segundo o documento, os efeitos devem ser ‘poucos significativos’, apesar dos efeitos na indústria de transformação.
“As exportações correspondem a cerca de 18% do PIB brasileiro. Do total exportado, aproximadamente 12% vão para os EUA. Produtos básicos respondem por maior parcela dos itens exportados ao país, com destaque para óleos brutos de petróleo, ferro, aço, celulose, café, suco de laranja e carne bovina. Alguns itens manufaturados também têm participação relevante na pauta de exportação brasileira para os EUA, como aeronaves e máquinas para o setor de energia. Produtos básicos tendem a ser redirecionados com mais facilidade a outros países e regiões que bens manufaturados. Considerando esse panorama, o impacto das tarifas tende a ser pouco significativo no crescimento de 2025, embora alguns setores da indústria de transformação possam ser especialmente prejudicados”, diz trecho do boletim.
Já os economistas do banco americano J.P Morgan são bem mais pessimistas estimam um efeito negativo de até 1,2% no crescimento do PIB do Brasil por ano por causa das novas tarifas-base de 50% anunciadas pelo presidente americano.