Com mais de 1 600 páginas, o projeto de lei tributária de Donald Trump trata sobretudo de cortes de impostos, aumentos de gastos para segurança de fronteira e reduções em programas sociais. O texto foi aprovado no Senado na terça-feira, 1, por 50 × 50, com o voto de desempate do vice-presidente JD Vance, e volta para a Câmara, que havia aprovado há um mês uma versão do texto, para que as alterações feitas pelos senadores sejam validadas. O prazo para a votação termina no próximo dia 4 de julho.
O texto chamado de One Big Beautiful Bill Act (grande e bonito projeto de lei, na tradução) amplia o déficit, aumenta a dívida e reduz a rede de proteção social no país. Prevê menos impostos sobre a renda e ganhos e traz mais gastos militares e com deportações. O projeto foi duramente criticado pelo bilionário Elon Musk, que o classificou como desperdício de recursos públicos, alertando para um déficit “insustentável”.
É que o texto aumenta o teto da dívida dos EUA em 5 trilhões de dólares e, segundo estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso, adiciona 3,3 trilhões de dólares ao déficit público até 2034, beneficiando os ricos e tirando 2,5% da renda disponível dos mais pobres.
A proposta, aprovada no Senado e que se encaminha para ratificação definitiva pela Câmara, transforma em regra a redução das alíquotas sobre renda e lucros de capital e ainda eleva, até 2028, a dedução-padrão em até 2 000 dólares para casais. Também cria, mas só durante o mandato de Trump, abatimentos para gorjetas, horas extras, juros de carros montados nos EUA e um desconto adicional de 6 000 dólares para idosos com renda abaixo de 75 mil dólares
Para varrer os imigrantes com deportações em massa, o texto destina mais de 100 bilhões de dólares à construção de novas barreiras na fronteira com o México, à ampliação de centros de detenção e à contratação de 10 000 agentes do ICE. Para isso, o projeto corta recursos da ordem 930 bilhões de dólares em Medicaid (seguro saúde) e cupons de alimentação (SNAP) e impõe requisitos de trabalho que, segundo o Center on Budget and Policy Priorities, podem retirar a cobertura de saúde de 10,6 milhões de pessoas e o auxílio-alimentação de outras 8 milhões.
O projeto revoga também in subsídios a veículos elétricos e créditos para reforma de residências eficientes já neste ano e mantém o teto de dedução de impostos estaduais e locais (SALT) elevado para 40 mil dólares, mas só até 2028. Esses incentivos foram aprovados na gestão de Joe Biden.
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